sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Como a Teoria de Bandura Pode Ajudar no Nosso Comportamento e Crescimento Pessoal

Introdução

Já se perguntou por que às vezes a gente acaba fazendo coisas que sabemos que não são legais? Ou por que algumas atitudes são mais fáceis de justificar do que outras, mesmo que no fundo saibamos que não deveríamos tê-las feito? Essas perguntas estão diretamente relacionadas com o que o psicólogo Albert Bandura estudou em sua teoria da aprendizagem social. O pensamento de Bandura pode parecer complicado à primeira vista, mas ele é superimportante para entender o nosso comportamento e como a gente pode melhorar como pessoa. Hoje, vamos explorar essa teoria de forma simples, e como ela pode nos ajudar a refletir sobre nossas atitudes e a crescer moralmente.

Quem foi Albert Bandura?

 Albert Bandura foi um psicólogo canadense que revolucionou a forma como entendemos o comportamento humano. Em vez de focar só no que fazemos de forma automática ou instintiva, Bandura mostrou que aprendemos muito observando os outros. Ele percebeu que o ambiente à nossa volta e as pessoas com quem convivemos afetam diretamente nossas escolhas, nossas atitudes e até como pensamos sobre nós mesmos.

Por exemplo, quando você vê alguém que admira fazendo algo legal ou positivo, você provavelmente vai querer imitar aquela atitude. Da mesma forma, se um grupo de amigos faz algo errado, pode ser mais fácil justificar seguir a mesma linha. Bandura chamou isso de aprendizagem por observação, e isso pode nos ensinar coisas boas ou ruins, dependendo do que estamos observando e quem estamos imitando.

Os mecanismos de desregramento moral

Além de estudar como aprendemos observando os outros, Bandura também foi fundo em outra questão: como as pessoas justificam comportamentos errados. Às vezes, podemos saber que algo não é certo, mas mesmo assim encontramos formas de explicar para nós mesmos que, naquela situação, aquilo foi "aceitável". Esses são os mecanismos de desregramento moral.

Vamos explicar alguns deles e, o mais importante, como podemos evitá-los:

  1. Justificação Moral: Esse é o famoso "os fins justificam os meios". Significa que fazemos algo errado, mas justificamos dizendo que é por uma "causa maior". Um exemplo é mentir para um professor sobre uma atividade escolar e depois pensar: "ah, foi só uma mentirinha para não ser punido". Para superar isso, precisamos sempre nos perguntar: será que o que fiz vai realmente trazer algo de bom, ou só estou arranjando uma desculpa para um erro?
  2. Comparação Vantajosa: Esse mecanismo faz com que a gente compare nossas atitudes com algo pior para parecer que o que fizemos não é tão grave. Por exemplo, “eu só empurrei meu colega, tem gente que agride muito pior”. O problema aqui é que a comparação faz parecer que o erro é pequeno, quando na verdade continua sendo um erro. A ideia é pensar sobre nossos atos por eles mesmos, sem tentar minimizar as coisas comparando com algo pior.
  3. Eufemismo: Já ouviu falar em "suavizar" a realidade? Quando a gente usa palavras mais leves para algo que, na verdade, foi ruim, estamos usando o eufemismo. Chamamos uma atitude agressiva de "brincadeira" ou uma mentira de "desculpinha". Reconhecer a gravidade das nossas ações, usando a linguagem correta, é o primeiro passo para não cair nessa armadilha.
  4. Deslocamento de Responsabilidade: Esse é o famoso "foi culpa de outra pessoa". A gente joga a responsabilidade para alguém que está no comando, como um amigo ou até um adulto. Mas a verdade é que, no final, cada um é responsável por suas próprias escolhas. É importante perceber que, mesmo quando estamos em grupo ou recebemos uma ordem, sempre podemos decidir o que vamos fazer.
  5. Difusão de Responsabilidade: Quando estamos em grupo, podemos achar que a responsabilidade é "diluída" entre todo mundo, e assim não nos sentimos culpados pelo que fizemos. É quando você diz “todo mundo estava fazendo”. Para evitar isso, precisamos entender que mesmo em grupo, cada um tem responsabilidade individual pelas suas ações.
  6. Desumanização: Às vezes, para justificar atitudes ruins, a gente trata o outro como se ele fosse "menos humano", ou seja, como se a pessoa não tivesse sentimentos ou valor. É o que acontece quando usamos apelidos pejorativos ou fazemos bullying. Superar isso requer uma boa dose de empatia: entender que o outro sente e sofre tanto quanto nós.
  7. Atribuição de Culpa às Vítimas: Esse mecanismo faz com que culpemos quem sofreu a consequência do nosso ato. Por exemplo, "ele mereceu, porque me provocou". Mas, será que isso é mesmo uma justificativa? A responsabilidade pelos nossos atos é nossa, independentemente do que o outro fez ou deixou de fazer.
  8. Desconsideração das Consequências: Esse mecanismo acontece quando minimizamos o impacto das nossas ações. Fingimos que as consequências não foram tão ruins assim, ou nem pensamos nelas. É importante parar e refletir sobre como nossas atitudes afetam os outros e o mundo à nossa volta. Isso nos ajuda a agir de forma mais consciente.

Por que isso é importante para o nosso desenvolvimento?

Entender os mecanismos de desregramento moral é um passo importante para nosso crescimento pessoal. Quanto mais conscientes formos das formas que usamos para justificar comportamentos errados, mais preparados estaremos para evitá-los. Isso nos ajuda a desenvolver autocontrole, a melhorar nossa autoeficácia (ou seja, a crença na nossa capacidade de fazer o que é certo) e a construir relacionamentos mais saudáveis e respeitosos.

Além disso, a compreensão dos mecanismos de desregramento nos ajuda a resistir à pressão dos outros e a fazer escolhas melhores, baseadas em nossos próprios valores, e não no que os outros esperam ou fazem. Com isso, crescemos não só como indivíduos, mas também como parte da sociedade, já que nosso comportamento afeta quem está ao nosso redor.

Conclusão:

Bandura nos mostra que não somos passivos diante do que acontece ao nosso redor. Aprendemos observando, mas também podemos escolher como agir. Compreender os mecanismos de desregramento moral nos ajuda a reconhecer quando estamos usando desculpas para justificar comportamentos inadequados e, assim, podemos evitar essas armadilhas. Ao desenvolver nossa empatia, responsabilidade pessoal e autoconsciência, damos passos importantes para um comportamento mais ético e para o crescimento moral, que vão nos acompanhar para o resto da vida.

O que achou dessa reflexão? Se você quiser ir mais a fundo, comece a observar suas próprias atitudes e veja se algum desses mecanismos aparece no seu dia a dia. Aposto que, ao perceber, você vai se sentir mais confiante para melhorar e ser uma versão cada vez melhor de si mesmo!

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