Como a Teoria de Bandura Pode Ajudar no Nosso Comportamento e Crescimento Pessoal
Introdução
Já
se perguntou por que às vezes a gente acaba fazendo coisas que sabemos que não
são legais? Ou por que algumas atitudes são mais fáceis de justificar do que
outras, mesmo que no fundo saibamos que não deveríamos tê-las feito? Essas
perguntas estão diretamente relacionadas com o que o psicólogo Albert Bandura
estudou em sua teoria da aprendizagem social. O pensamento de Bandura pode
parecer complicado à primeira vista, mas ele é superimportante para entender o
nosso comportamento e como a gente pode melhorar como pessoa. Hoje, vamos
explorar essa teoria de forma simples, e como ela pode nos ajudar a refletir
sobre nossas atitudes e a crescer moralmente.
Quem
foi Albert Bandura?
Albert Bandura foi um psicólogo canadense que
revolucionou a forma como entendemos o comportamento humano. Em vez de focar só
no que fazemos de forma automática ou instintiva, Bandura mostrou que
aprendemos muito observando os outros. Ele percebeu que o ambiente à nossa
volta e as pessoas com quem convivemos afetam diretamente nossas escolhas,
nossas atitudes e até como pensamos sobre nós mesmos.
Por
exemplo, quando você vê alguém que admira fazendo algo legal ou positivo, você
provavelmente vai querer imitar aquela atitude. Da mesma forma, se um grupo de
amigos faz algo errado, pode ser mais fácil justificar seguir a mesma linha.
Bandura chamou isso de aprendizagem por observação, e isso pode nos
ensinar coisas boas ou ruins, dependendo do que estamos observando e quem
estamos imitando.
Os
mecanismos de desregramento moral
Além
de estudar como aprendemos observando os outros, Bandura também foi fundo em
outra questão: como as pessoas justificam comportamentos errados. Às vezes,
podemos saber que algo não é certo, mas mesmo assim encontramos formas de
explicar para nós mesmos que, naquela situação, aquilo foi
"aceitável". Esses são os mecanismos de desregramento moral.
Vamos
explicar alguns deles e, o mais importante, como podemos evitá-los:
- Justificação Moral:
Esse é o famoso "os fins justificam os meios". Significa que
fazemos algo errado, mas justificamos dizendo que é por uma "causa
maior". Um exemplo é mentir para um professor sobre uma atividade
escolar e depois pensar: "ah, foi só uma mentirinha para não ser
punido". Para superar isso, precisamos sempre nos perguntar: será que
o que fiz vai realmente trazer algo de bom, ou só estou arranjando uma
desculpa para um erro?
- Comparação Vantajosa:
Esse mecanismo faz com que a gente compare nossas atitudes com algo pior
para parecer que o que fizemos não é tão grave. Por exemplo, “eu só
empurrei meu colega, tem gente que agride muito pior”. O problema aqui é
que a comparação faz parecer que o erro é pequeno, quando na verdade
continua sendo um erro. A ideia é pensar sobre nossos atos por eles
mesmos, sem tentar minimizar as coisas comparando com algo pior.
- Eufemismo:
Já ouviu falar em "suavizar" a realidade? Quando a gente usa
palavras mais leves para algo que, na verdade, foi ruim, estamos usando o
eufemismo. Chamamos uma atitude agressiva de "brincadeira" ou
uma mentira de "desculpinha". Reconhecer a gravidade das nossas
ações, usando a linguagem correta, é o primeiro passo para não cair nessa
armadilha.
- Deslocamento de Responsabilidade:
Esse é o famoso "foi culpa de outra pessoa". A gente joga a
responsabilidade para alguém que está no comando, como um amigo ou até um
adulto. Mas a verdade é que, no final, cada um é responsável por suas
próprias escolhas. É importante perceber que, mesmo quando estamos em
grupo ou recebemos uma ordem, sempre podemos decidir o que vamos fazer.
- Difusão de Responsabilidade:
Quando estamos em grupo, podemos achar que a responsabilidade é
"diluída" entre todo mundo, e assim não nos sentimos culpados
pelo que fizemos. É quando você diz “todo mundo estava fazendo”. Para
evitar isso, precisamos entender que mesmo em grupo, cada um tem
responsabilidade individual pelas suas ações.
- Desumanização:
Às vezes, para justificar atitudes ruins, a gente trata o outro como se
ele fosse "menos humano", ou seja, como se a pessoa não tivesse
sentimentos ou valor. É o que acontece quando usamos apelidos pejorativos
ou fazemos bullying. Superar isso requer uma boa dose de empatia: entender
que o outro sente e sofre tanto quanto nós.
- Atribuição de Culpa às Vítimas:
Esse mecanismo faz com que culpemos quem sofreu a consequência do nosso
ato. Por exemplo, "ele mereceu, porque me provocou". Mas, será
que isso é mesmo uma justificativa? A responsabilidade pelos nossos atos é
nossa, independentemente do que o outro fez ou deixou de fazer.
- Desconsideração das
Consequências: Esse mecanismo acontece quando
minimizamos o impacto das nossas ações. Fingimos que as consequências não
foram tão ruins assim, ou nem pensamos nelas. É importante parar e
refletir sobre como nossas atitudes afetam os outros e o mundo à nossa
volta. Isso nos ajuda a agir de forma mais consciente.
Por
que isso é importante para o nosso desenvolvimento?
Entender
os mecanismos de desregramento moral é um passo importante para nosso
crescimento pessoal. Quanto mais conscientes formos das formas que usamos para
justificar comportamentos errados, mais preparados estaremos para evitá-los.
Isso nos ajuda a desenvolver autocontrole, a melhorar nossa autoeficácia
(ou seja, a crença na nossa capacidade de fazer o que é certo) e a construir
relacionamentos mais saudáveis e respeitosos.
Além
disso, a compreensão dos mecanismos de desregramento nos ajuda a resistir à
pressão dos outros e a fazer escolhas melhores, baseadas em nossos próprios
valores, e não no que os outros esperam ou fazem. Com isso, crescemos não só
como indivíduos, mas também como parte da sociedade, já que nosso comportamento
afeta quem está ao nosso redor.
Conclusão:
Bandura
nos mostra que não somos passivos diante do que acontece ao nosso redor.
Aprendemos observando, mas também podemos escolher como agir. Compreender os
mecanismos de desregramento moral nos ajuda a reconhecer quando estamos usando
desculpas para justificar comportamentos inadequados e, assim, podemos evitar
essas armadilhas. Ao desenvolver nossa empatia, responsabilidade
pessoal e autoconsciência, damos passos importantes para um
comportamento mais ético e para o crescimento moral, que vão nos acompanhar
para o resto da vida.
O
que achou dessa reflexão? Se você quiser ir mais a fundo, comece a observar
suas próprias atitudes e veja se algum desses mecanismos aparece no seu dia a
dia. Aposto que, ao perceber, você vai se sentir mais confiante para melhorar e
ser uma versão cada vez melhor de si mesmo!