Neste momento cibernético em que vive a humanidade com a emergência de novos nichos educacionais, a EAD deverá incorporar em sua proposta de democratização do ensino um projeto da interface organizado em torno dos elementos significantes dos objetos de aprendizagens.
Na perspectiva de Fontoura, na Web 2.0 os sites deixam de possuir uma característica estática para se tornarem verdadeiros aplicativos, funcionando como os softwares que rodam no computador. Apresentando uma gama de oportunidades comunicativas tais como os Blogs que tornam-se também espaço autoral similar aos Wikis que permitem publicação de conteúdos, que podem ser construídos cooperativamente, ou seja, os usuários podem criar narrativas, poemas, análise de obras literárias, dar opinião sobre atualidades, desenvolver relatórios de visitas e excursões de estudos, podem construir produtos, tais como desenhos, imagens e vídeos. Nesta mesma proposta existem os fotologs, também conhecidos como Blogs de imagens dá ao usuário possibilidade de compartilhar documentos visuais.
Nesta ótica Wenger (2002) afirma que uma Comunidade de Prática é mais do que um agregado de pessoas definidas por algumas características, são pessoas que aprendem, constroem e fazem a gestão do conhecimento, são verdadeiras as comunidades de prática com objetivos educacionais que utilizam ambiente de aprendizagem cooperativa evidenciando a participação do grupo, registrando a incursões superando a demanda de comunicação, em vista de tomadas de decisões e potencializando os resultados por meio de atividades.
As Comunidades de Prática têm um vasto espectro de possibilidades tecnológicas na Web 2.0. Neste artigo considerarei a emergência dos Wikis como uma Interface envolvente e seu significado para o processo de ensino e aprendizagem.
Os Wikis devem ser entendidos como ferramenta colaborativa de acesso à internet. Os sites wikis são com frequência referenciado por abranger conceitos básicos de temas juntamente com a análise de como elas afetam o usuário final.
Nota-se a emergência de uma “cultura Wikis” constituida de comunidade apredente, oportunizando a novos autores a divulguação de seus trabalhos, estes possiilitam uma abertura para críticas e reconstruções conceituais deixando em aberto a perspectiva colaborativa na edição e atualização do mesmo. Os leitores que colaboradores são atentos às inserções que fazem, a fim de conservar o mesmo nível de erudição do artigo em evidência. O que se recomenda os experientes é que o autor do artigo em construção mantenha uma cópia do mesmo com o intuito de conservar a originalidade se for invadido por algum vândalo.
- Não há um tempo mínimo para a elaboração de um trabalho no Wikis, as pessoas dispõe do tempo que considerar suficiente para elaborar o que está escrevendo dando sempre ênfase na inusitabilidade do conteúdo.
- O conteúdo pode ser refeito por quem conhece o tema e intervenções do autor. Neste plano de articulação de conteúdo o autor usará o tempo necessário para reescrevê-lo.
Como podemos constatar a utilização do WIKI é importante para a evolução dos espaços interativos de textos e artigos de opinião tão necessários para a partilha de ideias em tempos cibernéticos.
A meu ver, o limites desta interface é o fato de que sua formatação tem um esquema fechado sem posibilidade de criatividade visual. Deixando a desejar a forma de expressão por hipertexto, linguagem mais vislumbrante e menos formal. Mesmo sendo limitado no formato os wikis tem contribuido para o avançar na divulgação de grandiosos temas de trabalhos de anômimos no espaço virtual. Estes, estão demonstrando o domínio temático de assuntos importantes para a sociedade e tem inovado a formatação dos textos com um layout que facilita aos artigos nos Wikis os links correlatos em outras páginas da Web, tal conexão auxilia a ampliação dos espaços comunicativos e permitindo acesso a outros ambientes virtuais de interesse missigenado e também a outros dispositivos atuais, tais como os dispositivos portáteis e leitores de tela, como os tablets em evidência na atualidade.
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Referências Bibliográficas
Marins, Vânia & Costa, Rosa Maria E. M. da. Aula 4a – Ferramentas da Web 2.0 e as Comunidades de Prática. Uff - 2011
Marins, Vânia & Costa, Rosa Maria E. M. da. Aula 4b – Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Barbosa L.P., Oeiras J.Y. (2008), Uso de Wikis em projetos escolasres: experiências colaborativas com alunos do ensino fundamental, Workshop de Informática na escola-WIE, SBC2008, Belém, p. 362-371.
Fontoura, Wagner (2010) A hora e a vez das Mídias Sociais. Disponível em
http://www.cultura.gov.br/site/2008/02/29/a-hora-e-a-vez-das-midias-sociais. visitado em maio 2010.
Revista Época – A nova infância do computador, nº 675, 25/abril/2011.
Uma contribuição à "arte de filosofar" em busca da sabedoria ao encontro de nossa "consciência" planetária.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Minhas Perspectivas de Atuação na Educação a Distância
Minhas Perspectivas de Atuação na Educação a Distância
Atualmente proliferam-se cursos de Educação a distância (EaD) com a finalidade de implementar uma nova forma de ensino-aprendizagem na qual educandos, embora separados por distância, permanecem conectados a ambiente virtuais utilizando ferramentas de conexão via tecnologias, web, chats e a Internet
Devido a abrangência da EaD os educadores deverão estar em permanente atualização didático-pedagógica ampliando conhecimentos e informações em vista de oportunizar condições de aprofundamento às pessoas que vê possibilidades de sistematizar saberes em cursos virtuais.
Dentro da proposta da EaD atuaremos como orientador de estudo, tutor de cursos educacionais presencial, semi-presencial e a distância. É fundamental dominar as ferramentas de informatização objetivando instaurar um processo de formação continuada com abertura à aprendizagem permanente.
Os projetos educacionais de EaD englobam vários níveis de educação (fundamental, médio, superior e a pós-graduação), sendo que se adéqua melhor à educação de adultos, uma vez que estes carregam experiências culturais e epistemológicas em nível de aprendizagem individual além de estarem melhor preparados a utilização de novas tecnologias que proporcionam novos processos de interconexão à propostas educacionais interativas contribuindo com o desenvolvimento dialógico dos agentes envolvidos no processo educacional.
Em pleno Séc. XXI o avanço em infocomunicação representa uma revolução ao modo de empreender o ensino-aprendizagem e tal processo, abrirá possibilidades de novas formas de relacionamento on-line entre educadores e educandos através da Internet, das telecomunicações, videoconferências e as redes de banda larga; a instrumentalização destes meios de comunicação para a educacação possibilitará aos professores(tutores) compartilhar suas aulas, conhecimentos e cultura por canais de intercâmbio que estreita os espaços entre os saberes e auxilia o educando a desenvolver seus conhecimentos de forma interativa, estimulando debates e pesquisas de textos e hipertextos, sem chocar seus horários pessoais e de acordo com suas possibilidades. Com este novo cenário para a educação é fundamental a presença do professor-tutor como o mediador das tarefas educacionais. A função primordial deste educador é supervisionar todo o processo educacional da EaD superarando os modelos estáticos focados em formulários, avaliação e e-mail’s, nesta nova proposta há uma interação on-line por meio de canais rápidos tais como, MSN, Facebook, Twitter, Orkut... das mídias unidirecionais, como o jornal, a televisão e o rádio, emerge a tecnologia digital mais interativa. Da comunicação off-line estamos caminhando para um mix de comunicação off e on-line, tal processo requer novas habilidades e competências à educadores e educandos mediando as experiências para o esclarecimento de dúvidas via videoconferências e outras ferramentas interativas. Oxalá assistamos uma emergente democratização do acesso à infocomunicação à todos e todas.
Atualmente proliferam-se cursos de Educação a distância (EaD) com a finalidade de implementar uma nova forma de ensino-aprendizagem na qual educandos, embora separados por distância, permanecem conectados a ambiente virtuais utilizando ferramentas de conexão via tecnologias, web, chats e a Internet
Devido a abrangência da EaD os educadores deverão estar em permanente atualização didático-pedagógica ampliando conhecimentos e informações em vista de oportunizar condições de aprofundamento às pessoas que vê possibilidades de sistematizar saberes em cursos virtuais.
Dentro da proposta da EaD atuaremos como orientador de estudo, tutor de cursos educacionais presencial, semi-presencial e a distância. É fundamental dominar as ferramentas de informatização objetivando instaurar um processo de formação continuada com abertura à aprendizagem permanente.
Os projetos educacionais de EaD englobam vários níveis de educação (fundamental, médio, superior e a pós-graduação), sendo que se adéqua melhor à educação de adultos, uma vez que estes carregam experiências culturais e epistemológicas em nível de aprendizagem individual além de estarem melhor preparados a utilização de novas tecnologias que proporcionam novos processos de interconexão à propostas educacionais interativas contribuindo com o desenvolvimento dialógico dos agentes envolvidos no processo educacional.
Em pleno Séc. XXI o avanço em infocomunicação representa uma revolução ao modo de empreender o ensino-aprendizagem e tal processo, abrirá possibilidades de novas formas de relacionamento on-line entre educadores e educandos através da Internet, das telecomunicações, videoconferências e as redes de banda larga; a instrumentalização destes meios de comunicação para a educacação possibilitará aos professores(tutores) compartilhar suas aulas, conhecimentos e cultura por canais de intercâmbio que estreita os espaços entre os saberes e auxilia o educando a desenvolver seus conhecimentos de forma interativa, estimulando debates e pesquisas de textos e hipertextos, sem chocar seus horários pessoais e de acordo com suas possibilidades. Com este novo cenário para a educação é fundamental a presença do professor-tutor como o mediador das tarefas educacionais. A função primordial deste educador é supervisionar todo o processo educacional da EaD superarando os modelos estáticos focados em formulários, avaliação e e-mail’s, nesta nova proposta há uma interação on-line por meio de canais rápidos tais como, MSN, Facebook, Twitter, Orkut... das mídias unidirecionais, como o jornal, a televisão e o rádio, emerge a tecnologia digital mais interativa. Da comunicação off-line estamos caminhando para um mix de comunicação off e on-line, tal processo requer novas habilidades e competências à educadores e educandos mediando as experiências para o esclarecimento de dúvidas via videoconferências e outras ferramentas interativas. Oxalá assistamos uma emergente democratização do acesso à infocomunicação à todos e todas.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Aspectos filosóficos de uma prática pedagógica humanizadora
Aspectos filosóficos de uma prática pedagógica humanizadora
Prof. José Igídio dos Santos
É tarefa irrenunciável ao educador a atitude filosófica de contemplação e observação. De fato estas duas exigências supõem conexão com os acontecimentos e situações de seu contexto hodierno. Despertar no educando dos tempos atuais um assentimento de atenção e abertura exige um reinventar do processo pedagógico; objeto de diálogo deste artigo. A educação precisa ser uma prática pedagógica de sentido existencial e o ambiente escolar deve despertar no educando a vontade de aprender a aprender em conexão com mundo e suas experiências sensório-motoras.
Tanto o aprender como o educar vem sendo ultimamente muito criticado por não indicar caminhos claros de como “ser humano” nos tempos atuais. Faz-se necessário alguns pressupostos teóricos para instauramos uma prática pedagógica encantadora do real, que a nosso ver, se encontra na vitalização de um processo de engajamento do educando em seu “que fazer escolar cotidiano”.
O ensino-aprendizagem precisa ser processual e não deve ser considerado um fim em si mesmo. Tornar a tarefa educativa agradável, prazerosa é uma exigência dos tempos atuais. Na escola é necessário desenvolver um espírito científico que emana da curiosidade em busca de respostas às situações-problemas do cotidiano.
Desde as primeiras experiências educacionais (família) os educandos precisam encontrar ambiente que favoreça sua formação. O "boom" educacional começa em casa e acompanha o educando à instituição de ensino. È fundamental que o educando encontre um ambiente familiar que lhe possibilite acesso cultural, condições de tranqüilidade para ler, fazer as obrigações escolares – são elementos cultivadores e inspiradores da sapiência global. O ato de ler dá condições de o educando capacitar-se para decifrar a pluralidade de códigos de linguagem da realidade hodierna de vista à complexidade cultural, étnico e social do qual esse mundo globalizado está submetido.
A cada momento da nossa existência nossa percepção de mundo vai se ampliando. Ao retomarmos uma leitura que fizemos quando éramos infantes, em uma fase subseqüente perceberemos novas perspectivas a partir do referencial das experiências obtidas na adolescência, juventude ou idade adulta, o texto terá “novas cores, sabores e perspectivas”. É assim também com os filmes que vemos e obras de artes que contemplamos... Nossa capacidade de abstração vai ampliando a partir de nossa convivência sócio-cultural. Propiciar ao educando as mais diversas experiências de aprendizagem constituirá uma grande tarefa aos educadores dos tempos atuais. Pois devemos superar os antigos métodos educacionais (transferência de conhecimentos) para uma compreensão de que ensinar é propiciar situações de aprendizagem que sejam vivenciais e que tenham sentido para as vidas dos educandos, superando a visão conteudista para uma proposta educacional mais humanista e culturalista.
É tarefa do educador de hoje encontrar o fundamento teórico para sua prática pedagógica, passar da prédica para o processo construtivo de conhecimento. Passando pelo processo de estabelecimento de acordos pedagógicos que envolva o educando no processo educacional. É fundamentando o trabalho pedagógico em conceitos teóricos sólidos que os educadores deverão propor justificativas e objetivos que ultrapasse as propostas alienantes de ensino-aprendizagem que intenta prescindir do processo reflexivo. Na prática, estabelecemos uma relação com o meio cultural e social aperfeiçoando nossa inserção educacional servindo-nos do método empírico e analítico como uma “ação projetada, refletida, consciente, transformadora do natural, do homem e do social". (PEREIRA, Otaviano. O que é teoria, Brasiliense, 2003). Como cita Paulo Freire em seu livro Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa, o educador "precisa estar convencido [...] ser seu trabalho uma especificidade humana. [...] a condição humana fundante da educação é precisamente a inclusão de nosso ser histórico [...] produzida e desafiada. [...] como seres programados, mas para aprender e, portanto, para ensinar, para conhecer, intervir [...] em favor da produção e do desenvolvimento da autonomia de educadores e educandos". (op. cit, 1996. pp.143, 145, grifo nosso).
A tarefa é árdua e necessária, esse caminho deverá ser assumido por todos os docentes e discentes que buscam uma proposta retroalimentada pela dedicação e compromisso dos envolvidos no processo. Portanto, caminhemos e construamos o novo em meio a tantas possibilidades criativas que a contemplação ativa proporcionará aos espíritos atentos.
______________________
Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia, Psicopedagogo. É Docente na Faculdade de Educação, Ciências e Artes Dom Bosco (FAECA) – Monte Aprazível-SP e no Ensino Médio da Rede Pública do Estado de São Paulo.
Prof. José Igídio dos Santos
É tarefa irrenunciável ao educador a atitude filosófica de contemplação e observação. De fato estas duas exigências supõem conexão com os acontecimentos e situações de seu contexto hodierno. Despertar no educando dos tempos atuais um assentimento de atenção e abertura exige um reinventar do processo pedagógico; objeto de diálogo deste artigo. A educação precisa ser uma prática pedagógica de sentido existencial e o ambiente escolar deve despertar no educando a vontade de aprender a aprender em conexão com mundo e suas experiências sensório-motoras.
Tanto o aprender como o educar vem sendo ultimamente muito criticado por não indicar caminhos claros de como “ser humano” nos tempos atuais. Faz-se necessário alguns pressupostos teóricos para instauramos uma prática pedagógica encantadora do real, que a nosso ver, se encontra na vitalização de um processo de engajamento do educando em seu “que fazer escolar cotidiano”.
O ensino-aprendizagem precisa ser processual e não deve ser considerado um fim em si mesmo. Tornar a tarefa educativa agradável, prazerosa é uma exigência dos tempos atuais. Na escola é necessário desenvolver um espírito científico que emana da curiosidade em busca de respostas às situações-problemas do cotidiano.
Desde as primeiras experiências educacionais (família) os educandos precisam encontrar ambiente que favoreça sua formação. O "boom" educacional começa em casa e acompanha o educando à instituição de ensino. È fundamental que o educando encontre um ambiente familiar que lhe possibilite acesso cultural, condições de tranqüilidade para ler, fazer as obrigações escolares – são elementos cultivadores e inspiradores da sapiência global. O ato de ler dá condições de o educando capacitar-se para decifrar a pluralidade de códigos de linguagem da realidade hodierna de vista à complexidade cultural, étnico e social do qual esse mundo globalizado está submetido.
A cada momento da nossa existência nossa percepção de mundo vai se ampliando. Ao retomarmos uma leitura que fizemos quando éramos infantes, em uma fase subseqüente perceberemos novas perspectivas a partir do referencial das experiências obtidas na adolescência, juventude ou idade adulta, o texto terá “novas cores, sabores e perspectivas”. É assim também com os filmes que vemos e obras de artes que contemplamos... Nossa capacidade de abstração vai ampliando a partir de nossa convivência sócio-cultural. Propiciar ao educando as mais diversas experiências de aprendizagem constituirá uma grande tarefa aos educadores dos tempos atuais. Pois devemos superar os antigos métodos educacionais (transferência de conhecimentos) para uma compreensão de que ensinar é propiciar situações de aprendizagem que sejam vivenciais e que tenham sentido para as vidas dos educandos, superando a visão conteudista para uma proposta educacional mais humanista e culturalista.
É tarefa do educador de hoje encontrar o fundamento teórico para sua prática pedagógica, passar da prédica para o processo construtivo de conhecimento. Passando pelo processo de estabelecimento de acordos pedagógicos que envolva o educando no processo educacional. É fundamentando o trabalho pedagógico em conceitos teóricos sólidos que os educadores deverão propor justificativas e objetivos que ultrapasse as propostas alienantes de ensino-aprendizagem que intenta prescindir do processo reflexivo. Na prática, estabelecemos uma relação com o meio cultural e social aperfeiçoando nossa inserção educacional servindo-nos do método empírico e analítico como uma “ação projetada, refletida, consciente, transformadora do natural, do homem e do social". (PEREIRA, Otaviano. O que é teoria, Brasiliense, 2003). Como cita Paulo Freire em seu livro Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa, o educador "precisa estar convencido [...] ser seu trabalho uma especificidade humana. [...] a condição humana fundante da educação é precisamente a inclusão de nosso ser histórico [...] produzida e desafiada. [...] como seres programados, mas para aprender e, portanto, para ensinar, para conhecer, intervir [...] em favor da produção e do desenvolvimento da autonomia de educadores e educandos". (op. cit, 1996. pp.143, 145, grifo nosso).
A tarefa é árdua e necessária, esse caminho deverá ser assumido por todos os docentes e discentes que buscam uma proposta retroalimentada pela dedicação e compromisso dos envolvidos no processo. Portanto, caminhemos e construamos o novo em meio a tantas possibilidades criativas que a contemplação ativa proporcionará aos espíritos atentos.
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Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia, Psicopedagogo. É Docente na Faculdade de Educação, Ciências e Artes Dom Bosco (FAECA) – Monte Aprazível-SP e no Ensino Médio da Rede Pública do Estado de São Paulo.
segunda-feira, 22 de março de 2010
EDUCAR PARA A VIDA
EDUCAR PARA A VIDA
José Igídio dos Santos
Todo processo educacional envolve expectativas e objetivos. É o objetivo que delineia os caminhos que devemos percorrer em vista das expectativas de educadores e educandos ao longo da experiência de aprendizagem.
Nossos educandos (adolescentes) nasceram em uma sociedade em transformação e com novos paradigmas, ... comunicação, ... informação completamente diversa da de "antigamente". E sabemos por experiência didático-pedagógica que não basta sermos "conteudistas" - é preciso ensinar o educando a aprender a aprender. Nesta trama pedagógica que definimos nosso agir educacional.
Este agir educacional não é tarefa apenas do educador e sim compromisso de todos (pais, professores, organizações...) a sociedade toda! E é justamente neste processo que estamos nos perdendo, pois há uma cobrança muito acentuada para o processo cognitivo racional deixando a desejar nos aspectos humanitários, ético-moral.
Neste cenário, é fundamental que a educação hoje prime pelos princípios humanitários e que a relação professor-aluno seja uma agradável experiência de aprendizagem interconectiva, tornando a aprendizagem uma via de mão dupla. Aprender e ensinar é um caminho que envolve a todos no processo pedagógico educadores/professores e aprendizes/educandos. A aprendizagem não tem idade e todos estamos a caminho da construção do saber.
Como educadores do Sec. XXI precisamos tornar a educação mais vivencial e com maior incidência na vida do educando (adolescentes),pois a adolescência é apenas uma fase da existência que precede a maturidade intelectual. São eles que tornarão os educadores do futuro e a forma de lidarmos com suas questões determinarão o entusiasmo, o vigor e o engajamento dos mesmos à causa da educação.
Portanto, incentivar as novas gerações supõe encantamento para a transformação da realidade. Os educadores transformarão seu ofício em compromisso coletivo de tornar o processo educacional mais vivencial e humano e esta tarefa somos todos convidados pois, educar para a vida é conduzir o educando (adolescente) à sua maioridade intelectual e práxica.
____________________
Licenciado em Filosofia pela UNICLAR, Bacharel em Teologia pelo CEARP e Psicopedagogo – Professor Universitário na FAECA em Monte Aprazível-SP e da Rede Pública Estadual em Fernandópolis – SP.
José Igídio dos Santos
Todo processo educacional envolve expectativas e objetivos. É o objetivo que delineia os caminhos que devemos percorrer em vista das expectativas de educadores e educandos ao longo da experiência de aprendizagem.
Nossos educandos (adolescentes) nasceram em uma sociedade em transformação e com novos paradigmas, ... comunicação, ... informação completamente diversa da de "antigamente". E sabemos por experiência didático-pedagógica que não basta sermos "conteudistas" - é preciso ensinar o educando a aprender a aprender. Nesta trama pedagógica que definimos nosso agir educacional.
Este agir educacional não é tarefa apenas do educador e sim compromisso de todos (pais, professores, organizações...) a sociedade toda! E é justamente neste processo que estamos nos perdendo, pois há uma cobrança muito acentuada para o processo cognitivo racional deixando a desejar nos aspectos humanitários, ético-moral.
Neste cenário, é fundamental que a educação hoje prime pelos princípios humanitários e que a relação professor-aluno seja uma agradável experiência de aprendizagem interconectiva, tornando a aprendizagem uma via de mão dupla. Aprender e ensinar é um caminho que envolve a todos no processo pedagógico educadores/professores e aprendizes/educandos. A aprendizagem não tem idade e todos estamos a caminho da construção do saber.
Como educadores do Sec. XXI precisamos tornar a educação mais vivencial e com maior incidência na vida do educando (adolescentes),pois a adolescência é apenas uma fase da existência que precede a maturidade intelectual. São eles que tornarão os educadores do futuro e a forma de lidarmos com suas questões determinarão o entusiasmo, o vigor e o engajamento dos mesmos à causa da educação.
Portanto, incentivar as novas gerações supõe encantamento para a transformação da realidade. Os educadores transformarão seu ofício em compromisso coletivo de tornar o processo educacional mais vivencial e humano e esta tarefa somos todos convidados pois, educar para a vida é conduzir o educando (adolescente) à sua maioridade intelectual e práxica.
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Licenciado em Filosofia pela UNICLAR, Bacharel em Teologia pelo CEARP e Psicopedagogo – Professor Universitário na FAECA em Monte Aprazível-SP e da Rede Pública Estadual em Fernandópolis – SP.
segunda-feira, 15 de março de 2010
Perspectivas pedagógicas
José Igídio dos Santos[i]
Hoje no âmbito educacional constatamos uma diversidade de problemas didático-pedagógicos e comportamental. Existem diagnósticos, conjecturas e poucas soluções, mas algumas propostas.
Em face dessas questões, constata-se insatisfação de alunos e professores acerca do projeto educacional. Para muitos alunos os conteúdos das disciplinas são inúteis e desconexos, sem incidência na vida prática, o que gera indisciplina.
Neste cenário, o professor tem a incumbência de tornar o conteúdo das disciplinas “palatáveis” aos gostos dos educandos. E, em vista da superação da já citada “desconexão” é fundamental consolidar uma prática pedagógica humanizadora – com uma vertente dialógica no intuito de dirimir a distância entre conteúdos disciplinares e a vida concreta dos educandos através da mediação do educador-professor.
A escola é um ambiente em construção e poderá ser geradora de novas perspectivas para os educandos e, para tanto, faz-se necessário um corpo docente capaz de articular experiência e criatividade no processo didático-pedagógico em busca de novas perspectivas para os educandos em formação.
A escola que queremos é dinâmica, existencial e criativa, focada no desenvolvimento de habilidades e competências que propiciem ao educando a sua inclusão na sociedade do conhecimento e da Informação. Para tanto, é necessário uma proposta educacional que integre satisfação do educando e a valorização profissional dos educadores em vista do caminho que juntos percorreremos. A jornada só está iniciando, os desafios não são poucos, perseverança não nos faltará.
[i] Licenciado em Filosofia pela UNICLAR, Bacharel em Teologia pelo CEARP e Psicopedagogo – Professor Universitário na FAECA em Monte Aprazível-SP e da Rede Pública Estadual em Fernandópolis – SP.
Hoje no âmbito educacional constatamos uma diversidade de problemas didático-pedagógicos e comportamental. Existem diagnósticos, conjecturas e poucas soluções, mas algumas propostas.
Em face dessas questões, constata-se insatisfação de alunos e professores acerca do projeto educacional. Para muitos alunos os conteúdos das disciplinas são inúteis e desconexos, sem incidência na vida prática, o que gera indisciplina.
Neste cenário, o professor tem a incumbência de tornar o conteúdo das disciplinas “palatáveis” aos gostos dos educandos. E, em vista da superação da já citada “desconexão” é fundamental consolidar uma prática pedagógica humanizadora – com uma vertente dialógica no intuito de dirimir a distância entre conteúdos disciplinares e a vida concreta dos educandos através da mediação do educador-professor.
A escola é um ambiente em construção e poderá ser geradora de novas perspectivas para os educandos e, para tanto, faz-se necessário um corpo docente capaz de articular experiência e criatividade no processo didático-pedagógico em busca de novas perspectivas para os educandos em formação.
A escola que queremos é dinâmica, existencial e criativa, focada no desenvolvimento de habilidades e competências que propiciem ao educando a sua inclusão na sociedade do conhecimento e da Informação. Para tanto, é necessário uma proposta educacional que integre satisfação do educando e a valorização profissional dos educadores em vista do caminho que juntos percorreremos. A jornada só está iniciando, os desafios não são poucos, perseverança não nos faltará.
[i] Licenciado em Filosofia pela UNICLAR, Bacharel em Teologia pelo CEARP e Psicopedagogo – Professor Universitário na FAECA em Monte Aprazível-SP e da Rede Pública Estadual em Fernandópolis – SP.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Filosofia da Educação no contexto educacional vigente
Filosofia da Educação no contexto educacional vigente
Prof. José Igídio dos Santos
“Somos seres em situação, e nosso contexto vivencial é o elã transformador de nossas práticas educacionais”.
Este artigo tem como objetivo contextualizar a educação e algumas teorias educacionais, analisando perspectivas antigas e a emergência de novos contextos, para inculcar uma tarefa emergencial em educação, refletindo sobre a educação, sua prática e a contribuição de alguns pensadores, este propósito inclui teoria e prática pedagógica no universo discursivo da reelaboração do conhecimento, demonstrando a validade argumentativa dentro do processo de ensino-aprendizagem.
A filosofia na perspectiva educacional pode ser considerada como uma âncora que nos pára em face da ´pressa do cotidiano´e nos ajuda a analisar a realidade com maior acuidade, nos impulsiona a assumir uma atitude nova de compromisso, de acordo com a complexidade de cada circunstância, refazendo o discurso a partir de uma prática que perceba a conexão entre realidade e contextualização, entre imaginação e reelaboração constante de nossa prática no processo educacional do ser humano no decorrer de sua trajetória existencial. Somos seres em situação, e nosso contexto vivencial é o elã transformador de nossas práticas educacionais.
Procurar pensar: o que é Filosofia? O que é Filosofia da Educação? Quais seus representantes? Quais as contribuições das teorias pedagógicas para a melhor compreensão do processo de ensino-aprendizagem? Que relações podem ser estabelecidas entre o discurso teórico e a prática pedagógica? São questões que ainda não foram superadas de todo no âmbito pedagógico.
Para início de conversa, é difícil dizer o que é filosofia e complica ainda mais definí-la com suas adjetivações - filosofia da ciência, do direito, da educação... , sabemos que há tantas filosofias quantas cabeças pensantes dos filósofos e existe uma pluralidade de conceitos vinculados diretamente às concepções epistemológicas que cada pensador assume.
Desde a sua origem a filosofia se ocupou dos mais variados temas e suscitou inúmeras reflexões que até hoje norteiam o pensar filosófico. Se não há uma filosofia e sim diversas filosofias, também podemos, analogicamente, deduzir que não há uma filosofia da educação, mas várias filosofias da educação.
Na presente reflexão, queremos considerar a concepção de filosofia e de filosofia da Educação de Demerval Saviani: (...) podemos conceituar filosofia como uma reflexão (radical, rigorosa e de conjunto) sobre os problemas que a realidade apresenta. (...) Filosofia da Educação não seria outra coisa senão uma reflexão (radical, rigorosa e de conjunto) sobre os problemas que a realidade educacional apresenta (Saviani, 2000:20).
Portanto, o educador ao ser incitado a pensar em sua prática educacional cotidiana, deve atentar para as implicações das teorias da educação que ele assume e quais são as concepções pedagógicas subjacentes à sua prática: se construtivista, tradicionalista, idealista ou racionalista. Mas, isto não basta, é necessária uma atitude filosófica que exija certa habilidade em identificar, analisar e resolver os problemas da educação.
Para Demerval Saviani, “é tarefa da Filosofia da Educação oferecer aos educadores um método de reflexão que lhes permita encarar os problemas educacionais, penetrando na sua complexidade e encaminhando a solução de questões tais como: conflito entre filosofia de vida e ideologia na atividade do educador, a relação entre meios e fins da educação, a relação entre teoria e prática, os condicionamentos da atividade docente, até onde se pode contá-los ou superá-los” (Saviani, 2000: 23).
A nosso ver os educadores deveriam ter a seguinte convicção: qualquer prática pedagógica está sedimentada em uma teoria filosófica da educação que, prospectivamente, confere ao educador sua mundividência (sócio-político e cultural) com a finalidade de propiciar ao ser humano a sua formação humana o mais globalmente possível. Portanto, as concepções de mundo, de ser humano e de educação são ferramentas norteadoras dos objetivos educacionais, desta hora e do futuro da humanidade.
Em uma análise mais crítica da educação percebemos que o sistema educacional brasileiro tem assumido em suas bases estruturais os princípios dogmáticos, autoritários, hierárquicos e sistêmicos, os quais, de certa forma, são narcotizadores de consciências, feito para manter a ordem, com todos os vícios da corrupção que na política ultimamente temos observado; e o resultado não poderia ser diferente – política educacional que favorece a elite enquanto a maioria fica fora dos espaços de acesso à educação – mesmo com iniciativas como bolsa escola, pro-uni, sistema de cotas para minorias étnicas e o slogan – ´educação para todos´. Percebemos o crescimento no acesso de alunos à educação do nível primário ao acadêmico, mas o problema da formação da consciência crítica – ficou banido do sistema educacional durante décadas, mesmo com iniciativas de inclusão da filosofia e da sociologia na grade do currículo do ensino médio e, recentemente, no ensino fundamental com as escolas de tempo integral para os alunos da rede pública do Estado de São Paulo. O que se constata é que os governos e os políticos no geral temem o desabrochar da consciência cidadã do povo brasileiro e, na verdade, utilizam as políticas de impacto social que só amenizam a dívida histórica que temos com a maioria empobrecida deste país. Em uma proposta de avanço educacional não notamos mudanças fundamentais na estrutura dos cursos superiores que deixam de inserir, em seus currículos, disciplinas que lidam com o pensamento analítico e filosófico. Um exemplo disso é o que vem acontecendo com os cursos superiores – diminuição drástica da carga horária das disciplinas humanistas, tais como: filosofia, sociologia, antropologia, para citar algumas, e, mesmo assim, em algumas faculdades nos últimos anos da graduação em que os alunos estão mais preocupados com o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), esta é a tendência atual. Para a formação de cidadão, a cidadania ativa precisa ser objeto de aprendizado, para superar a distância entre o discurso e a prática pedagógica, envolvendo o povo no processo de decisões políticas.
Paulo Freire, em seu livro Saberes necessários à prática docente, nos ensina:
“No processo de fala e escuta, a disciplina do silêncio a ser assumida com rigor e a seu tempo, pelos sujeitos que falam e escutam é um “sine qua non” da comunicação dialógica. O primeiro sinal de que o sujeito que fala sabe escutar, é a demonstração de sua capacidade de controlar não só a necessidade de dizer a sua palavra, que é um direito, mas também o gosto pessoal, profundamente respeitável de expressá-la. (Freire, 2001: 131).
Em nossa prática pedagógica tenho sintetizado este procedimento ao seguinte princípio – dar voz a quem tem a vez e pedir a vez a quem tem a voz, através de um processo dialético.
A pergunta que podemos fazer é a seguinte: quem é silenciado durante os 11 ou 12 anos da educação básica, têm consciência do seu direito de voz?
O que define o homem não é a sua capacidade epigráfica, isto é, o escrever. O que nos diferencia dos animais é nossa capacidade de codificação e decodificação que expressamos através da fala e decifração dos códigos de linguagem desenvolvida em cada povo. Como seres culturais nossa cultura é
narrada. A oralidade constitui o elã que nos conecta com as pessoas com quem convivemos, estreitando laços sentimentais e amorosos. Numa escala de valores o que escrevemos e o que expressamos oralmente tem uma diferença ímpar. A fala é muito libertadora. Quando a comunicação falha, as estruturas pessoais e sentimentais vão se fragilizando.
Hoje, face ao avanço tecnológico, a individuação tornou-se uma praxe global. No cotidiano escolar os educadores deveriam propiciar espaços de comunicação com o educando criando um ambiente respeitoso pelo ato da fala e da escuta, isto é, dar a voz para o educando falar sobre o seu dia-a-dia, suas expectativas no âmbito pessoal, familiar, profissional, relacional. Se a escola se humanizar a tal ponto, daremos aos educandos deste milênio condições de sobrevivência psico-afetiva necessária aos homens desta geração e da futura.
Sabemos que tal espaço é bastante esperançador para os educandos e educadores, pois, nos ajudará a desmascarar os medos, nos ensinará a criticidade face às ilusões, otimizaremos as experiências positivas de conquistas; saberemos expressar nossos sentimentos: alegrias, tristezas, fantasias, protagonizando assim o ideal de todo processo educacional - tornar o educando protagonista de sua história -, construindo sua identidade pessoal sem detrimento de sua subjetividade.
Em nossa sociedade atual a liberdade de expressão é possível? A escola deveria ser por excelência o lugar onde acontecesse o diálogo entre educadores e educandos. E neste ínterim entramos num dissenso entre o ideal e o real - é possível desenvolver o diálogo numa sociedade de conflitos? Que papel exerce um educador crítico nessa sociedade?
Moacir Gadotti afirma que essas são as questões que incidem sobre a pedagogia do conflito.
A pedagogia do conflito tem por objetivo desmascarar os conflitos de forma corajosa e envolvente – em vista de uma prática pedagógica imbuída de criticidade e respeito pela realidade social, mostrando as contradições sociais, propondo um trabalho articulado entre os dados da realidade e prática educacional. A superação das desigualdades só será possível se as mesmas passarem do status da evidência para o status do compromisso, através de um processo de envolvimento de todos na superação dessas mesmas contradições sem considerá-las um fato natural e universal pelos membros da sociedade.
Não é possível esconder que os conflitos que existem são causados em razão dos interesses divergentes das classes sociais de uma sociedade. O norte das ações também é divergente, pois alguns lutam pela manutenção do status quo, outros desejam a transformação da estrutura social oportunizando um maior equilíbrio social. Nesse contexto, o papel do educador, segundo Gadotti, deve ser: crítico e revolucionário. Seu papel é o de inquietar, incomodar, perturbar: a função do pedagogo parece ser esta: à contradição (opressor / oprimido, por exemplo) ele acrescenta a consciência da contradição. Foi isso que fizeram, por exemplo, Lao-tsé, Sócrates, Marx, Nietzsche, Freud, Tsé- jung, Frinet, Amilcar Cabral, Gramsci e outros grandes nomes da história antiga ou contemporânea(Gadotti , 1988):120)4
Essa não é uma tarefa fácil! Mas como educador precisamos assumir esse desafio, nessa sociedade de conflitos de classes e de interesses divergentes, criar as condições necessárias para elaborarmos uma nova concepção de ser humano. Esta nova compreensão do ser humano será concretizada em ações de pessoas conscientes, solidárias, organizadas e capazes de superar o individualismo do processo de individuação no contexto global em que vivemos. O discurso e a prática do educador revolucionário é o de rejeição de uma postura permissiva de dominação política e da exploração econômica capitalista, denunciando e desmascarando as falas de um discurso hegemônico.
O reconhecimento do ser humano não deveria se dar apenas pelo valor da sua conta bancária e, sim pela, sua postura ética, contribuindo assim com a formação do ser humano pleno, realizado e feliz. A luta desenfreada pelo poder encarna no ser humano o desejo da hegemonia e isso faz com que os outros saberes sejam relegados, esquecidos e eliminados.
A análise crítica deve ser exigida pelos educadores e gestores, questionando a hegemonia de uma classe social, sua forma de conhecimento e sua prédica discursiva. A sustentação do status quo através da hegemonia que congrega a fragilidade e a fortaleza do sistema capitalista.
Na prática, faz-se necessário conhecer as bases estruturais do sistema capitalista, e, dessa forma, “minar” o seu sustentáculo.
Bibliografia:
SANTOS, José Igídio dos. Educação: uma perspectiva crítica sob a ótica deflacionista. UNIVERSITAS, Fernandópolis, v. 2, n.1, 2006, p.29-39.
Prof. José Igídio dos Santos
“Somos seres em situação, e nosso contexto vivencial é o elã transformador de nossas práticas educacionais”.
Este artigo tem como objetivo contextualizar a educação e algumas teorias educacionais, analisando perspectivas antigas e a emergência de novos contextos, para inculcar uma tarefa emergencial em educação, refletindo sobre a educação, sua prática e a contribuição de alguns pensadores, este propósito inclui teoria e prática pedagógica no universo discursivo da reelaboração do conhecimento, demonstrando a validade argumentativa dentro do processo de ensino-aprendizagem.
A filosofia na perspectiva educacional pode ser considerada como uma âncora que nos pára em face da ´pressa do cotidiano´e nos ajuda a analisar a realidade com maior acuidade, nos impulsiona a assumir uma atitude nova de compromisso, de acordo com a complexidade de cada circunstância, refazendo o discurso a partir de uma prática que perceba a conexão entre realidade e contextualização, entre imaginação e reelaboração constante de nossa prática no processo educacional do ser humano no decorrer de sua trajetória existencial. Somos seres em situação, e nosso contexto vivencial é o elã transformador de nossas práticas educacionais.
Procurar pensar: o que é Filosofia? O que é Filosofia da Educação? Quais seus representantes? Quais as contribuições das teorias pedagógicas para a melhor compreensão do processo de ensino-aprendizagem? Que relações podem ser estabelecidas entre o discurso teórico e a prática pedagógica? São questões que ainda não foram superadas de todo no âmbito pedagógico.
Para início de conversa, é difícil dizer o que é filosofia e complica ainda mais definí-la com suas adjetivações - filosofia da ciência, do direito, da educação... , sabemos que há tantas filosofias quantas cabeças pensantes dos filósofos e existe uma pluralidade de conceitos vinculados diretamente às concepções epistemológicas que cada pensador assume.
Desde a sua origem a filosofia se ocupou dos mais variados temas e suscitou inúmeras reflexões que até hoje norteiam o pensar filosófico. Se não há uma filosofia e sim diversas filosofias, também podemos, analogicamente, deduzir que não há uma filosofia da educação, mas várias filosofias da educação.
Na presente reflexão, queremos considerar a concepção de filosofia e de filosofia da Educação de Demerval Saviani: (...) podemos conceituar filosofia como uma reflexão (radical, rigorosa e de conjunto) sobre os problemas que a realidade apresenta. (...) Filosofia da Educação não seria outra coisa senão uma reflexão (radical, rigorosa e de conjunto) sobre os problemas que a realidade educacional apresenta (Saviani, 2000:20).
Portanto, o educador ao ser incitado a pensar em sua prática educacional cotidiana, deve atentar para as implicações das teorias da educação que ele assume e quais são as concepções pedagógicas subjacentes à sua prática: se construtivista, tradicionalista, idealista ou racionalista. Mas, isto não basta, é necessária uma atitude filosófica que exija certa habilidade em identificar, analisar e resolver os problemas da educação.
Para Demerval Saviani, “é tarefa da Filosofia da Educação oferecer aos educadores um método de reflexão que lhes permita encarar os problemas educacionais, penetrando na sua complexidade e encaminhando a solução de questões tais como: conflito entre filosofia de vida e ideologia na atividade do educador, a relação entre meios e fins da educação, a relação entre teoria e prática, os condicionamentos da atividade docente, até onde se pode contá-los ou superá-los” (Saviani, 2000: 23).
A nosso ver os educadores deveriam ter a seguinte convicção: qualquer prática pedagógica está sedimentada em uma teoria filosófica da educação que, prospectivamente, confere ao educador sua mundividência (sócio-político e cultural) com a finalidade de propiciar ao ser humano a sua formação humana o mais globalmente possível. Portanto, as concepções de mundo, de ser humano e de educação são ferramentas norteadoras dos objetivos educacionais, desta hora e do futuro da humanidade.
Em uma análise mais crítica da educação percebemos que o sistema educacional brasileiro tem assumido em suas bases estruturais os princípios dogmáticos, autoritários, hierárquicos e sistêmicos, os quais, de certa forma, são narcotizadores de consciências, feito para manter a ordem, com todos os vícios da corrupção que na política ultimamente temos observado; e o resultado não poderia ser diferente – política educacional que favorece a elite enquanto a maioria fica fora dos espaços de acesso à educação – mesmo com iniciativas como bolsa escola, pro-uni, sistema de cotas para minorias étnicas e o slogan – ´educação para todos´. Percebemos o crescimento no acesso de alunos à educação do nível primário ao acadêmico, mas o problema da formação da consciência crítica – ficou banido do sistema educacional durante décadas, mesmo com iniciativas de inclusão da filosofia e da sociologia na grade do currículo do ensino médio e, recentemente, no ensino fundamental com as escolas de tempo integral para os alunos da rede pública do Estado de São Paulo. O que se constata é que os governos e os políticos no geral temem o desabrochar da consciência cidadã do povo brasileiro e, na verdade, utilizam as políticas de impacto social que só amenizam a dívida histórica que temos com a maioria empobrecida deste país. Em uma proposta de avanço educacional não notamos mudanças fundamentais na estrutura dos cursos superiores que deixam de inserir, em seus currículos, disciplinas que lidam com o pensamento analítico e filosófico. Um exemplo disso é o que vem acontecendo com os cursos superiores – diminuição drástica da carga horária das disciplinas humanistas, tais como: filosofia, sociologia, antropologia, para citar algumas, e, mesmo assim, em algumas faculdades nos últimos anos da graduação em que os alunos estão mais preocupados com o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), esta é a tendência atual. Para a formação de cidadão, a cidadania ativa precisa ser objeto de aprendizado, para superar a distância entre o discurso e a prática pedagógica, envolvendo o povo no processo de decisões políticas.
Paulo Freire, em seu livro Saberes necessários à prática docente, nos ensina:
“No processo de fala e escuta, a disciplina do silêncio a ser assumida com rigor e a seu tempo, pelos sujeitos que falam e escutam é um “sine qua non” da comunicação dialógica. O primeiro sinal de que o sujeito que fala sabe escutar, é a demonstração de sua capacidade de controlar não só a necessidade de dizer a sua palavra, que é um direito, mas também o gosto pessoal, profundamente respeitável de expressá-la. (Freire, 2001: 131).
Em nossa prática pedagógica tenho sintetizado este procedimento ao seguinte princípio – dar voz a quem tem a vez e pedir a vez a quem tem a voz, através de um processo dialético.
A pergunta que podemos fazer é a seguinte: quem é silenciado durante os 11 ou 12 anos da educação básica, têm consciência do seu direito de voz?
O que define o homem não é a sua capacidade epigráfica, isto é, o escrever. O que nos diferencia dos animais é nossa capacidade de codificação e decodificação que expressamos através da fala e decifração dos códigos de linguagem desenvolvida em cada povo. Como seres culturais nossa cultura é
narrada. A oralidade constitui o elã que nos conecta com as pessoas com quem convivemos, estreitando laços sentimentais e amorosos. Numa escala de valores o que escrevemos e o que expressamos oralmente tem uma diferença ímpar. A fala é muito libertadora. Quando a comunicação falha, as estruturas pessoais e sentimentais vão se fragilizando.
Hoje, face ao avanço tecnológico, a individuação tornou-se uma praxe global. No cotidiano escolar os educadores deveriam propiciar espaços de comunicação com o educando criando um ambiente respeitoso pelo ato da fala e da escuta, isto é, dar a voz para o educando falar sobre o seu dia-a-dia, suas expectativas no âmbito pessoal, familiar, profissional, relacional. Se a escola se humanizar a tal ponto, daremos aos educandos deste milênio condições de sobrevivência psico-afetiva necessária aos homens desta geração e da futura.
Sabemos que tal espaço é bastante esperançador para os educandos e educadores, pois, nos ajudará a desmascarar os medos, nos ensinará a criticidade face às ilusões, otimizaremos as experiências positivas de conquistas; saberemos expressar nossos sentimentos: alegrias, tristezas, fantasias, protagonizando assim o ideal de todo processo educacional - tornar o educando protagonista de sua história -, construindo sua identidade pessoal sem detrimento de sua subjetividade.
Em nossa sociedade atual a liberdade de expressão é possível? A escola deveria ser por excelência o lugar onde acontecesse o diálogo entre educadores e educandos. E neste ínterim entramos num dissenso entre o ideal e o real - é possível desenvolver o diálogo numa sociedade de conflitos? Que papel exerce um educador crítico nessa sociedade?
Moacir Gadotti afirma que essas são as questões que incidem sobre a pedagogia do conflito.
A pedagogia do conflito tem por objetivo desmascarar os conflitos de forma corajosa e envolvente – em vista de uma prática pedagógica imbuída de criticidade e respeito pela realidade social, mostrando as contradições sociais, propondo um trabalho articulado entre os dados da realidade e prática educacional. A superação das desigualdades só será possível se as mesmas passarem do status da evidência para o status do compromisso, através de um processo de envolvimento de todos na superação dessas mesmas contradições sem considerá-las um fato natural e universal pelos membros da sociedade.
Não é possível esconder que os conflitos que existem são causados em razão dos interesses divergentes das classes sociais de uma sociedade. O norte das ações também é divergente, pois alguns lutam pela manutenção do status quo, outros desejam a transformação da estrutura social oportunizando um maior equilíbrio social. Nesse contexto, o papel do educador, segundo Gadotti, deve ser: crítico e revolucionário. Seu papel é o de inquietar, incomodar, perturbar: a função do pedagogo parece ser esta: à contradição (opressor / oprimido, por exemplo) ele acrescenta a consciência da contradição. Foi isso que fizeram, por exemplo, Lao-tsé, Sócrates, Marx, Nietzsche, Freud, Tsé- jung, Frinet, Amilcar Cabral, Gramsci e outros grandes nomes da história antiga ou contemporânea(Gadotti , 1988):120)4
Essa não é uma tarefa fácil! Mas como educador precisamos assumir esse desafio, nessa sociedade de conflitos de classes e de interesses divergentes, criar as condições necessárias para elaborarmos uma nova concepção de ser humano. Esta nova compreensão do ser humano será concretizada em ações de pessoas conscientes, solidárias, organizadas e capazes de superar o individualismo do processo de individuação no contexto global em que vivemos. O discurso e a prática do educador revolucionário é o de rejeição de uma postura permissiva de dominação política e da exploração econômica capitalista, denunciando e desmascarando as falas de um discurso hegemônico.
O reconhecimento do ser humano não deveria se dar apenas pelo valor da sua conta bancária e, sim pela, sua postura ética, contribuindo assim com a formação do ser humano pleno, realizado e feliz. A luta desenfreada pelo poder encarna no ser humano o desejo da hegemonia e isso faz com que os outros saberes sejam relegados, esquecidos e eliminados.
A análise crítica deve ser exigida pelos educadores e gestores, questionando a hegemonia de uma classe social, sua forma de conhecimento e sua prédica discursiva. A sustentação do status quo através da hegemonia que congrega a fragilidade e a fortaleza do sistema capitalista.
Na prática, faz-se necessário conhecer as bases estruturais do sistema capitalista, e, dessa forma, “minar” o seu sustentáculo.
Bibliografia:
SANTOS, José Igídio dos. Educação: uma perspectiva crítica sob a ótica deflacionista. UNIVERSITAS, Fernandópolis, v. 2, n.1, 2006, p.29-39.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Por uma Economia a serviço da vida
Por uma Economia a serviço da vida
Prof. José Igídio dos Santos
“A economia é arte de utilizar os recursos limitados a fim de atender as necessidades ilimitadas do ser humano” (i.a)
Quando buscamos uma definição da Economia chegamos à etimologia da palavra: Eco = cosmo, casa, habitat e Nomia = ordem, organização. Portanto, a economia é a ordem da casa, da vida dos seres humanos que vivem em sociedade. Por isso é justo inferir que a economia deve servir ao ser humano no sentido de propiciar-lhe condições de vida digna e plena. Se é este o propósito e a finalidade da atividade econômica de uma pais, podemos inferir que existe algo errado. Se fizermos uma análise histórica verificaremos que desde o início da história do Brasil a questão econômica esteve sempre presente.
Vivemos em um passado recente uma economia de subsistência. Economia tipicamente do “mundo rural”, na qual a preocupação maior estava em produzir para manter-se vivo. As coisas foram mudando conforme foi surgindo uma nova visão e compreensão da economia.
Com Getúlio Vargas (1.930), governo militar, houve uma reviravolta na compreensão e vivência da realidade do dia-a-dia. Neste período há uma grande saída do homem do campo - êxodo rural e consequente inchamento das cidades que àquele tempo não tinha estrutura para todo o contingente humano que migrara para os grandes centros.
Neste mesmo tempo, entra na história do Brasil o processo de Industrialização (modernização). Para empreender tal projeto o governo se propôs a subsidiar as indústrias, grupos empresariais estrangeiros, através da construção de hidroelétricas, rodovias, ferrovias, pontes e expansão das telecomunicações. Como consequência: o Estado se individa, internamente e externamente, o que posteriormente gerou alta inflação, além da impagável dívida externa.
Juscelino Kubistchek (JK 1956-1961) Assume o poder com a idéia de progresso e desenvolvimento. Para efetivar tal intento se espelha no modelo tecnológico dos E.U.A, importa empresas multinacionais aqui simbolizada pela Volkswagem, apesar de outras. Este processo de modernização é gestado em outros países do primeiro mundo e transportado para terceiro mundo (Brasil), não respeitando a matiz cultural brasileira. Neste momento da história tal processo, concentrador de renda e de capital, privilegiava exclusivamente uma determinada área geográfica.
A herança do desenvolvimentismo praticado por Juscelino Kubitschek (1956-1961) associado ao agravamento da dependência externa, do processo inflacionário, das desigualdades regionais e de renda, etc. - deixou a seus sucessores Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961-1964) condições extremamente adversas para governar.
De 1961-64, o Brasil está envolvido numa enorme crise, estagnação e recessão, foram as palavras de ordem. Esgotam-se as possibilidades de crescimento econômico, baseado na expansão da indústria de bens duráveis (automóveis máquinas agrícolas, eletrodomésticos). Aceleração da inflação em conjunto com os salários corroídos resultaram na diminuição do poder aquisitivo dos assalariados.
O golpe civil-militar de 64 representa o afastamento das forças populares reformistas. A vitória dos conservadores está ligada aos interesses estrangeiros preocupados com a modernização do Brasil. A burguesia estrangeira e nacional se alia ao latifúndio e a classe média. O governo opta pelo modelo econômico das <>, que privilegia o consumo de bens duráveis sofisticados (carro, televisão, eletrodomésticos, máquinas agrícolas, etc), gerando um crescimento econômico e um otimismo contagioso <>. Neste período há um grande montante de investimento de capital estrangeiro no Brasil.
O modelo econômico deste período pode ser caracterizado como:
a) Capitalista periférico; b) Associado; c) Dependente; d) Exportador; e) Concentrador e f) Excludente. Aqui faremos uma pequena digressão sobre cada faceta deste modelo:
A) O sistema Capitalista é um modelo econômico em que há o predomínio do capital sobre o trabalho. O poder decisório fica nas mãos dos donos do capital, no primeiro mundo.
B) Desenvolvimento Associado: porque aceita e estimula a presença da empresa estrangeiras no país. Estreita vínculos do pais com os outros centros do capitalismo internacional.
C) Desenvolvimento Dependente: resulta da opção por um crescimento acelerado da economia, com base na expansão de um parque industrial moderno e sofisticado, muito além das reais possibilidades do país e, por isso, realizado, sobretudo com capital estrangeiro e tecnologia importada. (endividamento externo - subsídio econômico para o desenvolvimento).
D) Desenvolvimento Exportador: Produzir para exportar tem sido uma característica da dependência histórica do Brasil, em virtude da quase inexistência de um mercado interno. Exportar para equilibrar o pagamento da dívida externa.
E) Desenvolvimento Concentrador: Favorece a comemoração do capital, da propriedade, da terra, da riqueza e da renda, nas mãos das multinacionais que simulam fusões empresariais em detrimento das pequenas e médias empresas reprimindo as classes assalariadas.
F) Desenvolvimento Excludente: Ao orientar e estimular a economia basicamente para o atendimento da demanda da classe alta e média alta e para a exportação e ao criar e acionar os mecanismos de repressão exclui em situação de absoluta ou relativa marginalidade econômica, social, cultural e educacional, cerca de 2,5 milhões de pessoas.
Entretanto, em 1973, tal a situação econômica do pais torna-se motivo de grande preocupação, posto que as perspectivas lançadas anos atrás não se efetivaram gerando para a economia brasileira um prognóstico nada animador.
Ernesto Geisel (74 - 78): Assume o governo do Brasil para transformá-lo em potência mundial emergente, até o final de seu mandato. Para tal objetivo propõe:
1. O fortalecimento da empresa privada nacional;
2. Contenção da <>;
3. Enquadramento das multinacionais na estratégia nacional de desenvolvimento.
Mas, nem sempre a vontade do Estado coincide com a vontade dos outros agentes da sociedade (banqueiros, empresários, latifundiários, trabalhadores, etc)
Este projeto fracassa porque:
1. A empresa privada nacional foi incapaz de assumir a liderança do processo de acumulação capitalista.
2. A empresa estrangeira não aceita passar de dominadora para submissa (dominada).
3. Os interesses das camadas dominantes da sociedade são mais fortes do que a vontade do governo e o poder que o respalda.
J. B. Figueiredo (79-85): Implementa no Brasil uma política econômica de governo: A inflação é galopante.
Define três metas prioritárias:
1. Combate a inflação: que fica em torno de 100% ao ano.
2. Desenvolvimento agropecuário: sem também muito avanço.
3. Equilíbrio do balanço de pagamentos.
Todas as metas não produz os efeitos desejados, sem grandes mudanças no cenário econômico.
José Sarney (86 - 89): representou um marco histórico para o país, mesmo assumindo em condições inusitadas após a morte de Tancredo Neves. Neste momento se faz necessária a implantação da desejada Nova República, mediante a adoção de medidas sociais, políticas e econômicas com o estabelecimento da democracia plena por meio das emendas constitucionais, que possibilitaram as eleições diretas para presidente e ainda a inserção dos analfabetos ao coeficiente eleitoral consolidando assim, a abertura para o pluripartidarismo. É desse período a consolidação Carta Magma atual de nosso país.
Na Constituição as bases sociais se caracterizaram e os conflitos ideológicos de posturas conservadoras ou progressistas se objetivam pelas composições partidárias da sociedade vigente. A promulgação da Constituição em 5 de Outubro de 1988 sinalizou a vitória de muitas lutas populares (direitos das minorias) e avanço nos direitos trabalhistas em relação á carga horária e licença maternidade, entre outras garantias, tal como a proibição do tribunal de exceção, da pena de morte, alem de instituir a liberdade de imprensa e de expressão. Mas, mesmo com todas essas garantias constitucionais o setor econômico estava sangrando, com uma inflação galopante que chegou atingir a cifra de 235% ao ano.
Em busca da regularização da economia o governo elaborou um projeto de estabilização econômica, implantação de planos econômicos, tais com a criação de nova moeda, o cruzado, e controle da inflação através do congelamento dos preços. Este plano ganhou simpatia popular e o PMDB base governista elegem 22 dos governadores dos 23 estados da Federação. O plano foi audacioso e durou muito pouco, surgiram inúmeros problemas que abalaram a tranqüilidade do governo, os preços das mercadorias se elevaram, houve de falta produtos de consumo essencial já não eram mais disponibilizados para o mercado já que o congelamento de preços não era interessante aos grandes produtores, industriais, agropecuaristas e fazendeiros. Ao término do governo Sarney a inflação diminui para 84,32% ao mês. Mas, mesmo assim, a aprovação deste governo junto ao povo ficou aquém do que ele desejaria.
Collor (90 - 92): Com o fim do modelo desenvolvimentista emerge o modelo neoliberal no Brasil instalado mesmo a contra gosto da classe política e do povo. O neoliberalismo apregoa a consolidação de um “Estado Mínimo”, para romper com as questões sociais e reduzindo pressões de aumento nos salários e para tanto faz-se necessário: 1) Contrair a emissão monetária; 2) Elevar as taxas de juros; 3) Diminuir os impostos sobre os altos rendimentos; 4) Abolir os controles sobre fluxos financeiros; 5) Aplastar as greves; 6) Elaborar legislação anti-sociais; 7) Criar desempregos massivos; 7) cortar gastos públicos; 8) promover amplo programa de privatizações. Este ideário neoliberal foi estruturado e esquematizado para a América latina, em 1989, num encontro nos EUA, no qual ficou conhecido como o Consenso de Washington. Com o seguinte programa: 1) disciplina fiscal; 2) priorização dos gastos públicos; 3) reforma tributária; 4) liberalização financeira; 5) regime cambial; 6) liberalização comercial; 7) investimento direto estrangeiro; 8) privatização; 9) desregulação da relação trabalhista; 10) defesa da propriedade intelectual. .
Emerge no cenário político Fernando Collor de Mello, com o propósito de atender aos interesses das classes dominantes, elites nacionais ou não, e coroa as expectativas delas e do mercado internacional aplicando o ideário neoliberal e do Consenso de Washington:
A primeira metade dos anos 90 marca a posse do 1º presidente eleito pelo voto direto, fato que não ocorria desde 1960, no país. A inflação havia ultrapassado 80% ao mês e a economia, que crescera a uma taxa de 7% entre 1930-80, há uma década estava estagnada. Neste contexto é eleito, pelo povo brasileiro, Fernando Collor de Mello, uma operação de autêntico marketing eleitoral, sem precedentes na história do Brasil. .
Collor rompeu com o modelo de desenvolvimento estatal característico do Brasil, saindo do MSI (modelo de substituição por importação) indo em direção ao modelo do Consenso de Washington, para tanto implementou o PICE ( política industrial e de comércio exterior), o PND (plano nacional de desestatização) e a extinção do “anexo c” da CACEX (departamento este que regulava as importações, que fora totalmente extinto para liberalizar as importações, abrindo nosso mercado ao exterior).
Todos esses programas e planos eram de cunho neoliberal, e não tinham o propósito de “modernizar a economia interna do país” com nova “política econômica” como propagavam na época, Collor estava apenas focando a estabilização da economia e controlar a inflação era sua meta. Para isso foram criados dois planos, Collor I e II – apesar do insucesso quanto à estabilização este se tornou um governo histórico por ter promovido o maior seqüestro de liquidez do país – causando um descontentamento de todas as classes sociais e mediante tal fato, o Brasil conhece pela primeira vez a cassação de um presidente por meio do “impeachment”.
Itamar (92 - 94): Itamar Franco, até então, pouco conhecido na política nacional assume o governo da República, apesar de possuir uma história de nacionalista e desenvolvimentista, garantiu que em seu governo seria mantido o processo liberalizante e acelerou ainda mais o programa neoliberal iniciado por Collor. Foram realizadas várias privatizações entre outras ações para o desmonte do Estado brasileiro. Mas, o que mais marcou seu governo foi a nomeação do então Senador Fernando Henrique Cardoso, para o ministério da economia, e conceber um plano de estabilização da economia de cunho neoliberal, o Plano Real.
Fernando Henrique Cardoso, doravante F.H.C (95-2002): Embora com um discurso de Social democrata, FHC assume com uma postura política Neoliberal. O Neoliberalismo é uma concepção radical do capitalismo, que absolutiza o mercado (sem regulamentação - livre concorrência), transformando-o em meio, método e fim de todo o comportamento humano. Dentre as muitas características do Neoliberalismo, ressaltamos algumas:
* A razão de ser da economia é o crescimento econômico, não o desenvolvimento de todos os seres humanos.
* Reduzir a intervenção do Estado, isentá-lo de sua responsabilidade de garantir os bens básicos aos cidadãos.
* Ajudar grupos determinados (mundializacão do mercado e da economia), excluindo a maioria.
* Privatização das Empresas Estatais – o Estado é sempre um “mau administrador”.
* Abertura de fronteiras (Mercosul, Tigres asiáticos, Nafta, União Européia) - desproteção dos produtores menores e mais fracos,
* Ajustes: “equilibrar o orçamento fiscal - reduzir a inflação - estabilizar balança de pagamentos”, para supor forte crescimento.
* Eliminação dos obstáculos (leis que beneficiam os trabalhadores e solução dos problemas dos necessitados) para estimular os investimentos privados - a atividade política põe-se a serviço da “economia livre”.
Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011) Atualmente a ação governamental vem reordenando o modelo neoliberal, em vista de uma reorganização econômica que visa à maior autonomia das políticas internacionais. Instaurando um projeto político que embora não retire o país no estado de subserviência, apresentam relampejos de autonomia.
A política econômica deste governo proporciona a inclusão dos miseráveis, através de ações assistencialistas que são patrocinadas pela classe média sem, contudo, deixar de assegurar aos ricos o lucro.
Tal modelo econômico neoliberal dá sinais de convulsão social com a emergência da crise mundial que assolou o mundo nos finais de 2008 e início de 2009 e que ainda perpassa a vida de toda a comunidade internacional que, desesperadamente, busca reparar os buracos causados por uma economia especulativa que prescinde da ética na consolidação de suas práticas. É auspicioso instaurar o reengendramento de um modelo econômico que em sua prática contemple a economia sem isenções de conexão social e política.
Sabemos que a bússola norteadora do caminho de uma sociedade sadia é a possibilidade de se ter condição digna de vida, o que vem sendo ameaçado com a emergência das demissões em massas. O mercado de trabalho é um elemento central da integração da economia. O desemprego é cada vez mais um trauma, um choque (medo de demissão). Segundo os psicólogos especializados no tratamento, o choque (trauma) do desemprego tem o mesmo efeito que morte de um parente. Os desempregados tornam-se descartáveis, depois irrelevantes (sem valor), por fim, invisíveis, no mundo do comércio global.
O desemprego é hoje uma “chaga latente” na sociedade brasileira. O aumento do desemprego no Brasil era uma tendência crescente na década de 90 e permanece presente na inauguração do século XXI. Com a atual crise econômica o desemprego entrou em escala vertiginosa e parece ser um dos remédios paliativos da manutenção das empresas. Muitos estão sofregamente desesperados, resultando no aumentado do número de pessoas suicidas devido à falta de perspectiva de vida digna para si e seus familiares.
Dentre as muitas causas do desemprego é notória sua grave incidência a partir da implosão da revolução tecnológica, que mediante o processo de informatização ampliou a capacidade da indústria e diminuiu a necessidade do serviço humano. Isso resultou num processo de reorganização das empresas que produzem mais, em menor espaço e com menor quantidade de funcionários.
A economia global caminha rapidamente para a era da fábrica sem trabalhadores humanos. Nem sempre o desenvolvimento econômico supõe o aumento do emprego.
É necessário adaptar os projetos econômicos levando em conta o contexto cultural, social, econômico e ecológico. O cenário atual clama por maior empenho em um crescimento sustentável, em vista de melhor redistribuição do trabalho que viabilize a construção de um novo modelo de sociedade capaz de gerar solidariedade.
É preciso romper com a estrutura de sociedade vigente, geradora de morte e exclusão. Termos consciência de que este mundo não é inesgotável, suas fontes e riquezas não são insuficientes para conter a ganância humana. Para tanto, é preciso criar uma nova ordem econômica pautada em valores éticos, nos quais o ser humano seja o centro de gravidade da economia e não a relatividade da voracidade humana.
É necessário analisar algumas questões práticas com o objetivo minorar o sofrimento humano. Para tanto, precisamos valorizar e incentivar o consumo de bens e serviços de economias solidárias e sermos preocupadas com a qualidade de vida dos habitantes deste cosmo. Precisamos ainda, priorizar as economias domésticas, o desenvolvimento sustentável, zelar da economia familiar capaz de instaurar uma nova mentalidade em vista da partilha e da solidariedade e, sobretudo, não surfar na onda do consumismo desenfreado, coração e pulmão da economia neoliberal.
Prof. José Igídio dos Santos
“A economia é arte de utilizar os recursos limitados a fim de atender as necessidades ilimitadas do ser humano” (i.a)
Quando buscamos uma definição da Economia chegamos à etimologia da palavra: Eco = cosmo, casa, habitat e Nomia = ordem, organização. Portanto, a economia é a ordem da casa, da vida dos seres humanos que vivem em sociedade. Por isso é justo inferir que a economia deve servir ao ser humano no sentido de propiciar-lhe condições de vida digna e plena. Se é este o propósito e a finalidade da atividade econômica de uma pais, podemos inferir que existe algo errado. Se fizermos uma análise histórica verificaremos que desde o início da história do Brasil a questão econômica esteve sempre presente.
Vivemos em um passado recente uma economia de subsistência. Economia tipicamente do “mundo rural”, na qual a preocupação maior estava em produzir para manter-se vivo. As coisas foram mudando conforme foi surgindo uma nova visão e compreensão da economia.
Com Getúlio Vargas (1.930), governo militar, houve uma reviravolta na compreensão e vivência da realidade do dia-a-dia. Neste período há uma grande saída do homem do campo - êxodo rural e consequente inchamento das cidades que àquele tempo não tinha estrutura para todo o contingente humano que migrara para os grandes centros.
Neste mesmo tempo, entra na história do Brasil o processo de Industrialização (modernização). Para empreender tal projeto o governo se propôs a subsidiar as indústrias, grupos empresariais estrangeiros, através da construção de hidroelétricas, rodovias, ferrovias, pontes e expansão das telecomunicações. Como consequência: o Estado se individa, internamente e externamente, o que posteriormente gerou alta inflação, além da impagável dívida externa.
Juscelino Kubistchek (JK 1956-1961) Assume o poder com a idéia de progresso e desenvolvimento. Para efetivar tal intento se espelha no modelo tecnológico dos E.U.A, importa empresas multinacionais aqui simbolizada pela Volkswagem, apesar de outras. Este processo de modernização é gestado em outros países do primeiro mundo e transportado para terceiro mundo (Brasil), não respeitando a matiz cultural brasileira. Neste momento da história tal processo, concentrador de renda e de capital, privilegiava exclusivamente uma determinada área geográfica.
A herança do desenvolvimentismo praticado por Juscelino Kubitschek (1956-1961) associado ao agravamento da dependência externa, do processo inflacionário, das desigualdades regionais e de renda, etc. - deixou a seus sucessores Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961-1964) condições extremamente adversas para governar.
De 1961-64, o Brasil está envolvido numa enorme crise, estagnação e recessão, foram as palavras de ordem. Esgotam-se as possibilidades de crescimento econômico, baseado na expansão da indústria de bens duráveis (automóveis máquinas agrícolas, eletrodomésticos). Aceleração da inflação em conjunto com os salários corroídos resultaram na diminuição do poder aquisitivo dos assalariados.
O golpe civil-militar de 64 representa o afastamento das forças populares reformistas. A vitória dos conservadores está ligada aos interesses estrangeiros preocupados com a modernização do Brasil. A burguesia estrangeira e nacional se alia ao latifúndio e a classe média. O governo opta pelo modelo econômico das <
O modelo econômico deste período pode ser caracterizado como:
a) Capitalista periférico; b) Associado; c) Dependente; d) Exportador; e) Concentrador e f) Excludente. Aqui faremos uma pequena digressão sobre cada faceta deste modelo:
A) O sistema Capitalista é um modelo econômico em que há o predomínio do capital sobre o trabalho. O poder decisório fica nas mãos dos donos do capital, no primeiro mundo.
B) Desenvolvimento Associado: porque aceita e estimula a presença da empresa estrangeiras no país. Estreita vínculos do pais com os outros centros do capitalismo internacional.
C) Desenvolvimento Dependente: resulta da opção por um crescimento acelerado da economia, com base na expansão de um parque industrial moderno e sofisticado, muito além das reais possibilidades do país e, por isso, realizado, sobretudo com capital estrangeiro e tecnologia importada. (endividamento externo - subsídio econômico para o desenvolvimento).
D) Desenvolvimento Exportador: Produzir para exportar tem sido uma característica da dependência histórica do Brasil, em virtude da quase inexistência de um mercado interno. Exportar para equilibrar o pagamento da dívida externa.
E) Desenvolvimento Concentrador: Favorece a comemoração do capital, da propriedade, da terra, da riqueza e da renda, nas mãos das multinacionais que simulam fusões empresariais em detrimento das pequenas e médias empresas reprimindo as classes assalariadas.
F) Desenvolvimento Excludente: Ao orientar e estimular a economia basicamente para o atendimento da demanda da classe alta e média alta e para a exportação e ao criar e acionar os mecanismos de repressão exclui em situação de absoluta ou relativa marginalidade econômica, social, cultural e educacional, cerca de 2,5 milhões de pessoas.
Entretanto, em 1973, tal a situação econômica do pais torna-se motivo de grande preocupação, posto que as perspectivas lançadas anos atrás não se efetivaram gerando para a economia brasileira um prognóstico nada animador.
Ernesto Geisel (74 - 78): Assume o governo do Brasil para transformá-lo em potência mundial emergente, até o final de seu mandato. Para tal objetivo propõe:
1. O fortalecimento da empresa privada nacional;
2. Contenção da <
3. Enquadramento das multinacionais na estratégia nacional de desenvolvimento.
Mas, nem sempre a vontade do Estado coincide com a vontade dos outros agentes da sociedade (banqueiros, empresários, latifundiários, trabalhadores, etc)
Este projeto fracassa porque:
1. A empresa privada nacional foi incapaz de assumir a liderança do processo de acumulação capitalista.
2. A empresa estrangeira não aceita passar de dominadora para submissa (dominada).
3. Os interesses das camadas dominantes da sociedade são mais fortes do que a vontade do governo e o poder que o respalda.
J. B. Figueiredo (79-85): Implementa no Brasil uma política econômica de governo: A inflação é galopante.
Define três metas prioritárias:
1. Combate a inflação: que fica em torno de 100% ao ano.
2. Desenvolvimento agropecuário: sem também muito avanço.
3. Equilíbrio do balanço de pagamentos.
Todas as metas não produz os efeitos desejados, sem grandes mudanças no cenário econômico.
José Sarney (86 - 89): representou um marco histórico para o país, mesmo assumindo em condições inusitadas após a morte de Tancredo Neves. Neste momento se faz necessária a implantação da desejada Nova República, mediante a adoção de medidas sociais, políticas e econômicas com o estabelecimento da democracia plena por meio das emendas constitucionais, que possibilitaram as eleições diretas para presidente e ainda a inserção dos analfabetos ao coeficiente eleitoral consolidando assim, a abertura para o pluripartidarismo. É desse período a consolidação Carta Magma atual de nosso país.
Na Constituição as bases sociais se caracterizaram e os conflitos ideológicos de posturas conservadoras ou progressistas se objetivam pelas composições partidárias da sociedade vigente. A promulgação da Constituição em 5 de Outubro de 1988 sinalizou a vitória de muitas lutas populares (direitos das minorias) e avanço nos direitos trabalhistas em relação á carga horária e licença maternidade, entre outras garantias, tal como a proibição do tribunal de exceção, da pena de morte, alem de instituir a liberdade de imprensa e de expressão. Mas, mesmo com todas essas garantias constitucionais o setor econômico estava sangrando, com uma inflação galopante que chegou atingir a cifra de 235% ao ano.
Em busca da regularização da economia o governo elaborou um projeto de estabilização econômica, implantação de planos econômicos, tais com a criação de nova moeda, o cruzado, e controle da inflação através do congelamento dos preços. Este plano ganhou simpatia popular e o PMDB base governista elegem 22 dos governadores dos 23 estados da Federação. O plano foi audacioso e durou muito pouco, surgiram inúmeros problemas que abalaram a tranqüilidade do governo, os preços das mercadorias se elevaram, houve de falta produtos de consumo essencial já não eram mais disponibilizados para o mercado já que o congelamento de preços não era interessante aos grandes produtores, industriais, agropecuaristas e fazendeiros. Ao término do governo Sarney a inflação diminui para 84,32% ao mês. Mas, mesmo assim, a aprovação deste governo junto ao povo ficou aquém do que ele desejaria.
Collor (90 - 92): Com o fim do modelo desenvolvimentista emerge o modelo neoliberal no Brasil instalado mesmo a contra gosto da classe política e do povo. O neoliberalismo apregoa a consolidação de um “Estado Mínimo”, para romper com as questões sociais e reduzindo pressões de aumento nos salários e para tanto faz-se necessário: 1) Contrair a emissão monetária; 2) Elevar as taxas de juros; 3) Diminuir os impostos sobre os altos rendimentos; 4) Abolir os controles sobre fluxos financeiros; 5) Aplastar as greves; 6) Elaborar legislação anti-sociais; 7) Criar desempregos massivos; 7) cortar gastos públicos; 8) promover amplo programa de privatizações. Este ideário neoliberal foi estruturado e esquematizado para a América latina, em 1989, num encontro nos EUA, no qual ficou conhecido como o Consenso de Washington. Com o seguinte programa: 1) disciplina fiscal; 2) priorização dos gastos públicos; 3) reforma tributária; 4) liberalização financeira; 5) regime cambial; 6) liberalização comercial; 7) investimento direto estrangeiro; 8) privatização; 9) desregulação da relação trabalhista; 10) defesa da propriedade intelectual. .
Emerge no cenário político Fernando Collor de Mello, com o propósito de atender aos interesses das classes dominantes, elites nacionais ou não, e coroa as expectativas delas e do mercado internacional aplicando o ideário neoliberal e do Consenso de Washington:
A primeira metade dos anos 90 marca a posse do 1º presidente eleito pelo voto direto, fato que não ocorria desde 1960, no país. A inflação havia ultrapassado 80% ao mês e a economia, que crescera a uma taxa de 7% entre 1930-80, há uma década estava estagnada. Neste contexto é eleito, pelo povo brasileiro, Fernando Collor de Mello, uma operação de autêntico marketing eleitoral, sem precedentes na história do Brasil. .
Collor rompeu com o modelo de desenvolvimento estatal característico do Brasil, saindo do MSI (modelo de substituição por importação) indo em direção ao modelo do Consenso de Washington, para tanto implementou o PICE ( política industrial e de comércio exterior), o PND (plano nacional de desestatização) e a extinção do “anexo c” da CACEX (departamento este que regulava as importações, que fora totalmente extinto para liberalizar as importações, abrindo nosso mercado ao exterior).
Todos esses programas e planos eram de cunho neoliberal, e não tinham o propósito de “modernizar a economia interna do país” com nova “política econômica” como propagavam na época, Collor estava apenas focando a estabilização da economia e controlar a inflação era sua meta. Para isso foram criados dois planos, Collor I e II – apesar do insucesso quanto à estabilização este se tornou um governo histórico por ter promovido o maior seqüestro de liquidez do país – causando um descontentamento de todas as classes sociais e mediante tal fato, o Brasil conhece pela primeira vez a cassação de um presidente por meio do “impeachment”.
Itamar (92 - 94): Itamar Franco, até então, pouco conhecido na política nacional assume o governo da República, apesar de possuir uma história de nacionalista e desenvolvimentista, garantiu que em seu governo seria mantido o processo liberalizante e acelerou ainda mais o programa neoliberal iniciado por Collor. Foram realizadas várias privatizações entre outras ações para o desmonte do Estado brasileiro. Mas, o que mais marcou seu governo foi a nomeação do então Senador Fernando Henrique Cardoso, para o ministério da economia, e conceber um plano de estabilização da economia de cunho neoliberal, o Plano Real.
Fernando Henrique Cardoso, doravante F.H.C (95-2002): Embora com um discurso de Social democrata, FHC assume com uma postura política Neoliberal. O Neoliberalismo é uma concepção radical do capitalismo, que absolutiza o mercado (sem regulamentação - livre concorrência), transformando-o em meio, método e fim de todo o comportamento humano. Dentre as muitas características do Neoliberalismo, ressaltamos algumas:
* A razão de ser da economia é o crescimento econômico, não o desenvolvimento de todos os seres humanos.
* Reduzir a intervenção do Estado, isentá-lo de sua responsabilidade de garantir os bens básicos aos cidadãos.
* Ajudar grupos determinados (mundializacão do mercado e da economia), excluindo a maioria.
* Privatização das Empresas Estatais – o Estado é sempre um “mau administrador”.
* Abertura de fronteiras (Mercosul, Tigres asiáticos, Nafta, União Européia) - desproteção dos produtores menores e mais fracos,
* Ajustes: “equilibrar o orçamento fiscal - reduzir a inflação - estabilizar balança de pagamentos”, para supor forte crescimento.
* Eliminação dos obstáculos (leis que beneficiam os trabalhadores e solução dos problemas dos necessitados) para estimular os investimentos privados - a atividade política põe-se a serviço da “economia livre”.
Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011) Atualmente a ação governamental vem reordenando o modelo neoliberal, em vista de uma reorganização econômica que visa à maior autonomia das políticas internacionais. Instaurando um projeto político que embora não retire o país no estado de subserviência, apresentam relampejos de autonomia.
A política econômica deste governo proporciona a inclusão dos miseráveis, através de ações assistencialistas que são patrocinadas pela classe média sem, contudo, deixar de assegurar aos ricos o lucro.
Tal modelo econômico neoliberal dá sinais de convulsão social com a emergência da crise mundial que assolou o mundo nos finais de 2008 e início de 2009 e que ainda perpassa a vida de toda a comunidade internacional que, desesperadamente, busca reparar os buracos causados por uma economia especulativa que prescinde da ética na consolidação de suas práticas. É auspicioso instaurar o reengendramento de um modelo econômico que em sua prática contemple a economia sem isenções de conexão social e política.
Sabemos que a bússola norteadora do caminho de uma sociedade sadia é a possibilidade de se ter condição digna de vida, o que vem sendo ameaçado com a emergência das demissões em massas. O mercado de trabalho é um elemento central da integração da economia. O desemprego é cada vez mais um trauma, um choque (medo de demissão). Segundo os psicólogos especializados no tratamento, o choque (trauma) do desemprego tem o mesmo efeito que morte de um parente. Os desempregados tornam-se descartáveis, depois irrelevantes (sem valor), por fim, invisíveis, no mundo do comércio global.
O desemprego é hoje uma “chaga latente” na sociedade brasileira. O aumento do desemprego no Brasil era uma tendência crescente na década de 90 e permanece presente na inauguração do século XXI. Com a atual crise econômica o desemprego entrou em escala vertiginosa e parece ser um dos remédios paliativos da manutenção das empresas. Muitos estão sofregamente desesperados, resultando no aumentado do número de pessoas suicidas devido à falta de perspectiva de vida digna para si e seus familiares.
Dentre as muitas causas do desemprego é notória sua grave incidência a partir da implosão da revolução tecnológica, que mediante o processo de informatização ampliou a capacidade da indústria e diminuiu a necessidade do serviço humano. Isso resultou num processo de reorganização das empresas que produzem mais, em menor espaço e com menor quantidade de funcionários.
A economia global caminha rapidamente para a era da fábrica sem trabalhadores humanos. Nem sempre o desenvolvimento econômico supõe o aumento do emprego.
É necessário adaptar os projetos econômicos levando em conta o contexto cultural, social, econômico e ecológico. O cenário atual clama por maior empenho em um crescimento sustentável, em vista de melhor redistribuição do trabalho que viabilize a construção de um novo modelo de sociedade capaz de gerar solidariedade.
É preciso romper com a estrutura de sociedade vigente, geradora de morte e exclusão. Termos consciência de que este mundo não é inesgotável, suas fontes e riquezas não são insuficientes para conter a ganância humana. Para tanto, é preciso criar uma nova ordem econômica pautada em valores éticos, nos quais o ser humano seja o centro de gravidade da economia e não a relatividade da voracidade humana.
É necessário analisar algumas questões práticas com o objetivo minorar o sofrimento humano. Para tanto, precisamos valorizar e incentivar o consumo de bens e serviços de economias solidárias e sermos preocupadas com a qualidade de vida dos habitantes deste cosmo. Precisamos ainda, priorizar as economias domésticas, o desenvolvimento sustentável, zelar da economia familiar capaz de instaurar uma nova mentalidade em vista da partilha e da solidariedade e, sobretudo, não surfar na onda do consumismo desenfreado, coração e pulmão da economia neoliberal.
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