Interatividade, Tutoria e a Construção da Autonomia do Educando
No
construtivismo o conhecimento é uma prática processual que incorpora aspectos
teóricos e semânticos em vista de uma compreensão holística do mundo. Nesta
perspectiva, faz-se necessário domínio dos aspectos semânticos da proposta
teórica que integra as diversas faces do mundo da vida, diante das múltiplas
situações e dimensões que ensejam um novo agir pedagógico (MÜHL,2003).
O avanço da infocomunicação no séc. XXI constitui uma
revolução ao modo de empreender o ensino-aprendizagem. O processo colaborativo
que é necessário à EAD deverá linkar
as múltiplas possibilidades de relacionamento on-line e off line entre
educadores e educandos através da web 2.0.
Neste novo cenário a EAD conseguiu expandir propostas de inclusão
social, possibilitando ao professor-tutor o estabelecimento de interconectividade
com educando via canais emergentes das redes sociais de relacionamento: MSN, Facebook, Twitter, Orkut, Chats, Blogs,
entre outros meios que sobrepõem as mídias unidirecionais, como o jornal, a
televisão e o rádio, só para citar os mais comuns.
Nota-se que a emergência da tecnologia digital mais interativa
estabelece uma revolução dos meios de comunicação pessoal com a possibilidade
de acesso da população em geral à Internet
com velocidade rápida aos moldes do “speedy” no sistema de banda larga, embora esse
recurso ainda não esteja disponível à totalidade dos brasileiros e brasileiras.
Contrariando a ideologia governamental que divulga que o “Brasil é um país de
todos”, embora os recursos não sejam
para todos .
Ao instrumentalizar os multimeios de comunicação na EAD, os
educadores (tutores) poderão compartilhar as aulas, os conhecimentos e a
cultura mediante debates, pesquisas e utilização de textos e hipertextos.
Em uma proposta de inclusão educacional todos os envolvidos no
processo de ensino-aprendizagem deverão focar na construção do saber mediante
processos pedagógicos holísticos, isto é, que englobem práticas educacionais
capazes de estabelecer interatividade, para tanto, o tutor antenado aos interesses dos alunos, propõe-lhes
meios de interatividade que mediatizada pelo processo comunicacional exige
habilidades e competências para gerenciar as várias perspectivas de
educação em vista de conhecimentos a serem apreendidos e assimilados para uma
correta articulação do saber, que de
forma colaborativa será gestado com um pouco da experiência cognitiva de todos,
como já falamos em outras ocasiões sobre o wiki,
pois, neste espaço ele ganha autonomia e eficácia na
ação pedagógica em vista da cooperação que é possível aos projetos educacionais de interesses comuns.
Tais
interesses exigem do tutor formas de equalização dos níveis intelectuais dos
participantes devido à heterogeneidade, neste campo, há um complexo processo de
mediação que objetiva normatizar os princípios educacionais e operacionais que
contemplem a desigualdade do conhecimento apreendido e partilhado em cada
participante do grupo de estudo.
O procedimento didático para intermediar as
diferenças culturais será articulado por meio dos “contratos” e “acordos”
pedagógicos que visem à consolidação de uma EAD que em meio a tantos desafios se
propõe a construir o conhecimento em parceria ativa e efetiva com o tutor e
educando, desta forma, a autonomia passará a ser uma realidade e não apenas
palavra de ordem.
Tal propósito vislumbra a emergência de
profissionais capazes de tomar decisões e não apenas apertar botões. Estes novos
atores da era da conectividade são protagonistas de uma emergente proposta
educacional que aposta na capacidade empreendedora do aluno que com
autodeterminação busca na pesquisa científica apropriação do saber, a
racionalidade operacional para transformar o processo de conhecimento
científico. A emergência da autoconsciência de que somos todos atores e
aprendizes nos coloca numa condição de abertura para novos horizontes, da
passividade de sermos meros receptores do saber nos tornamos empreendedores do
conhecimento, cabe aqui a partilha das experiências subjetivas e intelectivas,
pois, neste itinerário todos somos aprendizes, tutores e educandos.
Quando todos
estão envolvidos no processo educacional emerge a proposta pedagógica que focaliza
a autonomia do educando, este, ao utilizar todos os conhecimentos adquiridos e
partilhados contribuirá para o surgimento de uma nova inteligência profissional
aplicando os elementos de inclusão das habilidades e competências necessárias
para que os aprendizes da sociedade da informação desenvolvam seu trabalho
profissional conectados ao boom das
mudanças na comunicação pessoal.
Referencial
teórico:
CARVALHO, Maria Alice Pessanha de; STRUCHINER, Miriam.
Um ambiente construtivista de aprendizagem a distância: estudo da
interatividade, da cooperação e da autonomia em um curso de gestão
descentralizada de recursos humanos em saúde.s.d.Disponível em: http://www2.abed.org.br/visualizaDocumento.asp?Documento_ID=87.
Acesso em: 09/11/2010.
Accorssi, Aline; Jaeger, Fernanda Pires. Tutoria
em Educação à Distância. Disponível em:
PAQUAY, Léopold ; PERRENOUD,
Phillipe; ALTET,Marguerite; CHARLIER, Évelyne (org.). Formando professores profissionais – Quais estratégias? Quais
competências?, 2ª ed. Porto Alegre, RS: Artmed ed. 2001.
MÜHL, Eldon Henrique. Habermas e a Educação: ação
pedagógica como agir comunicativo, upf,
2003,344p.