Resenha
Freire. Paulo.
Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática educativa, 30ª ed. São
Paulo. Paz e Terra, 2004. 148p.
Por José
Igídio dos Santos
Faremos neste texto uma resenha que apresente as principais ideias
defendida que o Pedagogo Paulo Freire expressa em seu livro pedagogia da
Autonomia - saberes necessários à prática educativa.
No plano estrutural o autor
utiliza o método dialético para apresentar sua teoria pedagógica de como o
professor pode ajudar os educandos a construir a autonomia do seu saber em sala
de aula. A linguagem usada é acessível com atenção à hermenêutica
A introdução ressalta alguns aspectos práticos da pedagogia do professor
em relação ao desenvolvimento da autonomia dos educandos. Enfatiza a
necessidade de acolher e respeitar o conhecimento que os educandos trazem para
escola, por serem sujeito histórico e social, e trazem consigo
vários saberes de contextos vivenciais. O educador ao valorizar esse
conhecimento prévio impulsionará os educandos a desenvolvê-lo de forma
otimizada. Proceder desta forma possibilitará ao professor uma atitude global
que fará a diferença na vida do educando.
No cap. 1, Paulo Freire apresenta a tese de que “não existe
docência sem discência”, assume uma perspectiva na qual a
educação torna-se uma via de mão dupla – sugerindo ao educador uma dinâmica
pessoal focada na aprendizagem – ser um aprendiz aberto ao processo de aprendizagem
a partir da realidade de seus educandos. Para operacionalizar esta dinâmica é
preciso que o docente tenha uma metodologia rigorosa da qual possa extrair a
autoconsciência de seu papel em sala de aula, implementando as aulas com a
perspicácia e agudeza de espírito ao ministrar a aula. Para tanto, faz-se necessário que o professor, no preparo da aula, consiga
pesquisar sobre os assuntos da qual ela versará ao ministrar a mesma e,
desta forma, os discentes
buscarão o desenvolvimento de pesquisas em áreas de interesse em vista de
alcançar maior autonomia de pensamento face a uma proposta educacional que se
opõe à educação bancária. Com o enfoque didático da pesquisação, há que
se respeitar o conhecimento prévio e vivencial do educando em sala de aula,
incitando-os a desenvolverem uma atitude crítica face aos saberes constituídos
ou provenientes do senso-comum como verdade absoluta; procurando assim,
filtrar as informações a partir de critérios analíticos para aceitá-los
ou não. Ao docente é fundamental a coerência didática entre o teórico e o
prático, pois para o discente ele é modelo. A multiplicidade de metodologias
pode ajudá-lo no desenvolvimento de atividades educativas capazes de atingir os
educandos. Cabe ao educador analisá-las criticamente e adotar em sua prática a
metodologia mais adequada para a turma, procurando discernimento para mudar a
proposta quando esta não corresponder às expectativas do processo educacional; sem,
contudo, deixar de abordar as questões fundantes para a construção de uma
educação inclusiva e democrática. Valorizando temas como multiculturalismo e
favorecer o reconhecimento da diversidade étnica na trajetória educacional
reconhecendo a alteridade.
No Cap. 2, Paulo Freire defende a ideia de que “ensinar
não é transferir conhecimento” e sim “criar possibilidades
ao aluno para sua própria construção” uma vez que em sua concepção o
professor não é “dono das verdades absolutas e inquestionáveis”,
sua tarefa é auxiliar o educando ao desenvolvimento de seu pensamento;
ressalta que o conhecimento é inacabado é daí a perspectiva de que os
educadores e educandos deverão adotar uma atitude de aprendizes em busca de
novos conhecimentos; nunca esquecer dos condicionamentos históricos, cultural e
temporal, sendo necessário que o pensamento possa desenvolver-se ao longo do
tempo com a consciência de que os educandos também estão presos à sua
realidade, impulsionando-os a refletirem sua própria existência; Paulo Freire
acentua que devemos respeitar o tempo de aprendizagem de cada educando
pois cada um tem o seu momento e hora certa para se encaminharem na vida; o
autor afirma ainda que, como educador devemos usar o bom senso em relação às atividade em sala de
aula adequando-as ao tempo de seus alunos; é importante a
consciência de classe e que os professores deverão se sensibilizar às
reivindicações de seus colegas por melhores condições de trabalho; além
disso, ter consciência da realidade em que está trabalhando para que possa
desenvolver seu trabalho de forma situada; os profissionais da educação que
optam por licenciaturas deve ser um espírito otimista, pois seu trabalho
visa melhorar o mundo, com a convicção de que, a mudança é possível,
tendo repercussão social e, sua forma de
vida, dá aos educandos consciência
de transformação pessoal e social; ao finalizar esse capítulo podemos
dizer que todo educador deve ter uma curiosidade aguçada, pois somente dessa
forma vai poder conhecer o perfil geral da turma capacitando-o para fazer
uma proposta para cada uma delas.
No Cap. 3, Paulo Freire nos diz que “ensinar é uma
especificidade humana” ao pedagogo é necessário boa preparação,
qualificação e habilidades que lhe proporcionará segurança intelectual
para no exercício de sua atividade docente. Para que o educando possa
superar sua ignorância é fundamental que o educador supere as suas próprias
ignorâncias. O dia-a-dia com os estudantes no contexto de aprendizagem é
imprescindível pois cabe ao professor intervir no mundo de forma democrática e trabalhar
em vista da liberdade de tomar decisões conscientes, assumindo
responsabilidades educativa. A escuta dos educandos é necessária e visa o
aprofundamento da arte da docência e neste ínterim, superar sua a ingenuidade
sem deixar de considerar que a educação é uma ideologia, na obra freiriano
percebe-se uma nítida influência marxista. Ao ensinar o educador deve tornar-se
disponível para todas as questões dos estudantes respondendo às suas
inquietações propiciando um diálogo fecundo, aguçando o bem-querer entre
docentes e discentes. A obra é um subsídio para ser lido por todos os
profissionais em educação licenciado ou não.