segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Freire. Paulo. Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática educativa, 30ª ed. São Paulo. Paz e Terra, 2004. 148p.


Resenha
Freire. Paulo. Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática educativa, 30ª ed. São Paulo. Paz e Terra, 2004. 148p.


Por José Igídio dos Santos
Faremos neste texto uma resenha que apresente as principais ideias defendida que o Pedagogo Paulo Freire expressa em seu livro pedagogia da Autonomia - saberes necessários à prática educativa.
 No plano estrutural o autor utiliza o método dialético para apresentar sua teoria pedagógica de como o professor pode ajudar os educandos a construir a autonomia do seu saber em sala de aula. A linguagem usada é acessível com atenção à hermenêutica
A introdução ressalta alguns aspectos práticos da pedagogia do professor em relação ao desenvolvimento da autonomia dos educandos. Enfatiza a necessidade de acolher e respeitar o conhecimento que os educandos trazem para escola, por serem sujeito histórico e social, e trazem consigo vários saberes de contextos vivenciais. O educador ao valorizar esse conhecimento prévio impulsionará os educandos a desenvolvê-lo de forma otimizada. Proceder desta forma possibilitará ao professor uma atitude global que fará a diferença na vida do educando.
No cap. 1, Paulo Freire apresenta a tese de que “não existe docência sem discência, assume uma perspectiva na qual a educação torna-se uma via de mão dupla – sugerindo ao educador uma dinâmica pessoal focada na aprendizagem – ser um aprendiz aberto ao processo de aprendizagem a partir da realidade de seus educandos. Para operacionalizar esta dinâmica é preciso que o docente tenha uma metodologia rigorosa da qual possa extrair a autoconsciência de seu papel em sala de aula, implementando as aulas com a perspicácia e agudeza de espírito ao ministrar a aula. Para tanto,  faz-se necessário que  o professor, no preparo da aula, consiga pesquisar sobre os assuntos da qual ela versará ao ministrar a mesma  e,  desta forma,  os discentes buscarão o desenvolvimento de pesquisas em áreas de interesse em vista de alcançar maior autonomia de pensamento face a uma proposta educacional que se opõe à educação bancária. Com o enfoque didático da pesquisação, há que se respeitar o conhecimento prévio e vivencial do educando em sala de aula, incitando-os a desenvolverem uma atitude crítica face aos saberes constituídos ou provenientes do senso-comum como verdade absoluta; procurando assim,  filtrar as informações a partir de critérios analíticos para aceitá-los ou não. Ao docente é fundamental a coerência didática entre o teórico e o prático, pois para o discente ele é modelo. A multiplicidade de metodologias pode ajudá-lo no desenvolvimento de atividades educativas capazes de atingir os educandos. Cabe ao educador analisá-las criticamente e adotar em sua prática a metodologia mais adequada para a turma, procurando discernimento para mudar a proposta quando esta não corresponder às expectativas do processo educacional; sem, contudo, deixar de abordar as questões fundantes para a construção de uma educação inclusiva e democrática. Valorizando temas como multiculturalismo e favorecer o reconhecimento da diversidade étnica na trajetória educacional reconhecendo a alteridade.
 No Cap. 2,  Paulo Freire defende a ideia de que ensinar não é transferir conhecimento  e sim “criar possibilidades ao aluno para sua própria construção” uma vez que em sua concepção o professor não é “dono das verdades absolutas e inquestionáveis”,  sua tarefa é auxiliar o educando ao desenvolvimento de seu pensamento; ressalta que o conhecimento é inacabado é daí a perspectiva de que os educadores e educandos deverão adotar uma atitude de aprendizes em busca de novos conhecimentos; nunca esquecer dos condicionamentos históricos, cultural e temporal, sendo necessário que o pensamento possa desenvolver-se ao longo do tempo com a consciência de que os educandos também estão presos à sua realidade, impulsionando-os a refletirem sua própria existência; Paulo Freire acentua que devemos respeitar o tempo de aprendizagem de cada  educando pois cada um tem o seu momento e hora certa para se encaminharem na vida; o autor afirma ainda que, como educador devemos usar o  bom senso em relação às atividade em sala de aula adequando-as ao tempo de seus alunos;  é importante a consciência de classe e que os professores deverão se sensibilizar às reivindicações de  seus colegas por melhores condições de trabalho; além disso, ter consciência da realidade em que está trabalhando para que possa desenvolver seu trabalho de forma situada; os profissionais da educação que optam por licenciaturas deve ser um espírito otimista, pois seu trabalho visa  melhorar o mundo, com a convicção de que, a mudança é possível, tendo repercussão  social e, sua forma de  vida,  dá aos educandos consciência  de transformação pessoal  e social; ao finalizar esse capítulo podemos dizer que todo educador deve ter uma curiosidade aguçada, pois somente dessa forma vai poder conhecer  o perfil geral da turma capacitando-o para fazer uma proposta para cada uma delas.
No Cap. 3, Paulo Freire nos diz que  ensinar é uma especificidade humana ao pedagogo é necessário  boa preparação, qualificação  e habilidades que lhe proporcionará segurança intelectual para no exercício de sua  atividade docente. Para que o educando possa superar sua ignorância é fundamental que o educador supere as suas próprias ignorâncias. O dia-a-dia com os estudantes no contexto de aprendizagem é imprescindível pois cabe ao professor intervir no mundo de forma democrática e trabalhar em vista da liberdade de tomar decisões conscientes, assumindo responsabilidades educativa. A escuta dos educandos é necessária e visa o aprofundamento da arte da docência e neste ínterim, superar sua a ingenuidade sem deixar de considerar que a educação é uma ideologia, na obra freiriano percebe-se uma nítida influência marxista. Ao ensinar o educador deve tornar-se disponível para todas as questões dos estudantes respondendo às suas inquietações propiciando um diálogo fecundo, aguçando o bem-querer entre docentes e discentes. A obra é um subsídio para ser lido por todos os profissionais em educação licenciado ou não.





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