Prof. José Igídio dos Santos
Como pensadores
estaremos sempre implicados com o questionamento do porquê e para quê estudar
filosofia? Intentamos muitas respostas, no entanto, em vista dos objetivos da
sociedade atual a Filosofia, em uma proposta crítica não compactua com os
pressupostos mercadológicos. O pensar filosófico possibilita o enfrentamento de
problemas reais do cotidiano provocando no agente inquietude e insatisfação
face aos desvios éticos, políticos e culturais do contexto hodierno. Atuar no
mundo da sabedoria desmantelado por proposituras e posturas oligárquicas impõe
expulsar o imediatismo e instaurar a civilidade, bem como, a capacidade de
convivência do saber filosófico que questiona os saberes instituídos como um
desafio permanente.
Portanto, foge do
propósito filosófico a instrumentalização da filosofia para adequar ideologias,
sejam elas de quaisquer ordem, embora esta dinâmica possa ser utilizada, ela
depõe contra o ideal mais sublime do filosofar, que visa instaurar um nova perspectiva
de ensinar e apender.
O compromisso do professor
de filosofia é com o desenvolvimento do pensamento reflexivo nos diversos
contextos da vida do educando, possibilitando aos "filósofos
cotidianos" condições para compreender os múltiplos aspectos da realidade
da vida humana, social, política, econômica, cultural, religiosa, icônica,
tecnológica e antropológica, dentre outros nichos... Entretanto, cabe aqui
relembrar que a Filosofia tem um status de autonomia recente, principalmente no
Estado de São Paulo, já que como componente curricular foi alijada por décadas em
todo país e só a partir de 2007 é inclusa no currículo como parte da base comum
aos estudantes do Ensino Médio caracterizada no rol das ciências humanas e denominada
humanista sendo incorporada como dinamizadora de projetos educacionais que
almejam excelência do pensamento analítico, crítico e prescritivo.
A emergência de uma
metodologia centrada nas habilidades e competências só será possível dentro de
uma proposta pedagógica democrática e participativa, em vista de uma
perspectiva transformadora da vida do educando e do meio no qual vive. Com a implantação do currículo e adoção de
metodologia apostilada o Governo de São Paulo instaura um paradoxo educativo: desenvolver
um processo educacional democrático sem imposição e dogmatismo ante as
imposições sistêmicas, assumindo o que é primordial aos educadores, "a
racionalidade", como seres pensantes e não reagentes.
O filosofar é uma
tarefa da qual homens e mulheres não podem prescindir; é preciso um parto: a
ciência está prenhe de sabedoria e este processo poderá ampliar a capacidade do
sujeito cognoscente no desenvolvimento do espírito analítico, superando a forma
pacata de aceitação do real, buscando a autonomia do pensar e a consciência
crítica capaz de reconhecer que muitas situações vivenciais poderiam ser
diferentes se não houvesse conivência ou omissão humana e que podemos agir de
forma diversa da costumeira de agora em diante. Um pouco de filosofia todo dia é a dose certa da excelência
cognoscitiva.
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